sexta-feira, novembro 30, 2007
Dumb'n'Bass
Se você acha que o sertanerd é o único fenômeno musical inspirado na temática da cibercultura adolescente, você precisa conhecer o Basshunter. Mas como o Basshunter é da Suécia e canta no idioma da sua terra, nada melhor que apresentá-lo aqui no blog do Invasões.

O pseudônimo pertence ao DJ Jonas Altberg, que começou a carreira produzindo demos e enviando a emissoras de rádio até gravar seu primeiro disco, The Bassmachine. Este disco foi lançado apenas em sua página de internet.

O sucesso europeu veio com a descoberta do filão technonerd, e se materializou através de dois grandes hits.

Boten Anna ("O Bot Anna"- -en é uma terminação que corresponde ao artigo definido) conta a história real de como o nosso amigo DJ confundiu uma garota de nome Anna com um bot de bate-papo IRC.

Vi sitter i Ventrilo och spelar DotA
é exatamente como o nome diz: sentamo-nos no Ventrilo (programa de bate-papo por voz) e jogamos DotA (Defense of the Ancients, uma expansão multiplayer do jogo Warcraft III). A imagem que ilustra o post foi extraída do clipe desta música, e mostra as lindas loiras suecas, presença felizmente marcante nos clipes de Basshunter, com esta imensa cara de tédio enquanto os caras jogam. Falamos de cada uma destas duas músicas, com letra e clipe, numa outra oportunidade.

Basshunter estourou com Boten Anna nos países da Escandinávia e nos de língua alemã. Boten Anna foi a primeira música em sueco a chegar ao #1 das paradas na Holanda. Para um país daqueles em que não se ouve música nem mesmo na própria língua, dado o comodismo com a língua inglesa, é um feito e tanto. Vi sitter i Ventrilo och spelar DotA teve menor repercussão, mas também é bastante conhecida. As duas fazem parte do CD LOL <(^^,)> , lançado em 2006 e que tem várias outras faixas na mesma temática.
 
Psicografado por Hidson Guimarães | Permalink | 3 comentário(s)
quinta-feira, novembro 29, 2007
Residente o Visitante

Dois álbuns. O suficiente para colocar a banda/dupla Calle 13 na lista de artistas mais importantes de Porto Rico. A importância aqui não é apenas fruto dos cinco Grammys Latinos, conquistados nas duas últimas edições da premiação, é também resultado de um trabalho interessante e cheio de alternativas. Nas letras de René Perez (o Residente) e nos sons de Eduardo Cabra (o Visitante), o Calle 13 flerta com diversos ritmos latinos e constrói um disco que tem um ar de originalidade que salta aos ouvidos.


"Residente o Visitante", lançado em abril de 2007, dá mais um passo para distanciar a banda do reggaeton tradicional. A sonoridade não se esgota no padrão reggaetonero de batidas marcadas, e muitas vezes repetitivas, e ganha um aspecto menos linear, linha que já tinha começado a ser traçada no primeiro disco da banda, chamado Calle 13. O reggaeton na prática se torna apenas mais um ingrediente (fundamental, é verdade) na salada musical que é o disco.

A unidade do trabalho se sustenta na voz, letras e atitude de Residente. Satírico e debochado, mas ao mesmo tempo longe da tiraera e da postura intimidadora que muitas vezes o reggaeton compartilha com o rap estadunidense. As conotações sexuais estão presentes, com muito humor é verdade, mas é no modo de cantar que o álbum encontra seu principal fio de sustentação.

O novo trabalho ganha fôlego e corpo com participações distintas. É assim com os argentinos e uruguaios do Bajofondo Tango Club, na música "Tango Del Pecado", uma das faixas que exemplificam o que foi dito sobre o Calle 13 até agora. Canção que abre o cd e dá algumas indicações do caminho incerto que virá a seguir. O fato é que as contribuições ajudam a delinear as diferenças do álbum, seja no ar hip-hop da espanhola Mala Rodriguez, em "Mala suerte com el 13", ou no som característico da banda cubana Orishas, em "Pal Norte".

Na seqüência também sobram espaço para letras um pouco mais politizadas como "Llegale a mi guardia" e "La era de la copiera", ou românticas como "Beso de Desayuno". E é em alguns desses respiros e músicas mais lineares, como "Algo con sentido", que o disco se perde um pouco. Tanto em faixas mais paradas como também na tendência a cair em um estilo de hip-hop mais usual.

Na verdade, a presença do reggaeton rende faixas bem trabalhadas e poderia ser mais explorada. O Calle 13 faz isso muito bem e os melhores momentos do álbum aparecem exatamente quando a mistura de gêneros musicais atinge um equílibrio. Críticas feitas, o fato é que o resultado final é muito bom e o disco merece um espaço na mochila dos exploradores musicais.

Até a próxima!
 
Psicografado por Tiago Capixaba | Permalink | 3 comentário(s)
quarta-feira, novembro 28, 2007
A origem de tudo
Nesta sexta-feira, o quadro Saído do Forno, do nosso programa semanal, traz o CD Tidløs, da banda Postgirobygget, da Noruega. Segundo Hidson Guimarães, foi a partir dessa banda que ele começou a pesquisar os sons europeus que, no futuro, figurariam aqui no Invasões Bárbaras.

Para sentir um pouco da sonoridade do disco, segue abaixo a apresentação ao vivo da música que dá nome ao CD, Tidløs.

 
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terça-feira, novembro 27, 2007
Hip Hop na Mongólia

A vida na Mongólia não costuma ser fácil. Desde que o país rompeu com a União Soviética, os subsídios que mantinham a economia mongol desapareceram. Com a recessão, um terço da população se mudou para a capital, Ulaanbaatar, a procura de empregos. Como poucas vagas estavam disponíveis, a população foi se alocando em volta da cidade, em bairros formados por tendas que ficaram conhecidos como "Ger districts".

A Mongólia se localiza entre a Rússia e a China. Essa situação favoreceu a entrada do hip hop no país. No início, as bandas copiavam os rappers americanos, que chegavam num contrabando chinês. Os Ger districts foram um celeiro de rappers. A vida difícil na cidade motivou os habitantes dessas regiões a extravasar seus sentimentos em música.

A medida que esses jovens começaram a ser influenciados pelos artistas americanos, um hip hop genuinamente mongol nasceu. Um exemplo das bandas que nasceram dessa maneira é o Tatar. Este nome é uma referência a uma das tribos que se uniram a Gengis Kahn no início do Império Mongol.

Batzaya, Jagaa e Moogii são, atualmente, os nomes mais conhecidos do hip hop no país. Mesclando influências francesas e americanas, o Tatar começou a falar de temas que faziam sentido para os jovens da Mongólia. Desemprego, a falta de condições estruturais dos Ger districts e o amor são temas recorrentes na música do grupo.

A idéia dos três é expandir o som feito na Mongólia para todo o mundo. Para isso, eles assinaram um contrato com uma gravadora japonesa e já até fizeram alguns shows no Japão. A única coisa que eles não contavam era com o Invasões Bárbaras para começar a divulgação aqui no Brasil. Para ilustrar um pouco do som do trio, deixo aqui o clipe de Nulims dussan hair.

 
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segunda-feira, novembro 26, 2007
Saworoide, o tambor falante
Torcer o nariz, como Tiago Capixaba fez ao assistir trechos de filmes “nollywoodianos”, é a primeira reação esperada para aqueles que compareceram ao Centro Cultural da UFMG durante a semana passada. O Festival de Arte Negra trouxe para Belo Horizonte uma amostra do cinema nigeriano, e a experiência que isso me proporcionou foi, no mínimo, interessante.

Assisti ao primeiro filme exibido: “Saworoide, o sagrado tambor falante”, do diretor Tunde Kelani. O roteiro conta a história da aldeia de Jogbo, cujo reinado tem uma ligação mítica com o tambor Saworoide. A partir desse contexto místico, o diretor tenta construir uma crítica a governantes corruptos.

É uma história um pouco difícil de explicar e um filme um tanto quanto difícil de se ver. São 110 minutos (longo!) de pouca técnica, atuações quase caricatas e um roteiro um pouco fora dos padrões que conhecemos. Falando assim, parece que é o pior filme que já vi... Pode ser paternalismo ou qualquer coisa que se assemelhe a isso, mas lá no fundo tentei achar algum valor.

Em certos momentos o rei Lapita (na foto) fez com que praticamente a platéia toda desse boas gargalhadas. Em outros, a temática da corrupção se fez pertinente e no fim, saí com a sensação de que não poderia julgar aquilo como algo tão ruim assim. Só pra lembrar um detalhe que já foi explicitado anteriormente aqui no blog: a Nigéria está na lista dos 30 países mais pobres do mundo, e seu cinema (seja ele como for) está, de alguma forma, conquistando o mundo.

(esta foto e a da postagem especial abaixo são de Juliana Deodoro)
 
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Imagens do FAN
 
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Cronograma Invasões Bárbaras
Essa semana estamos concluindo a nossa cobertura do Festival de Arte Negra de Belo Horizonte. Nas próximas horas, teremos um post fotográfico com os melhores momentos e, se tudo tiver dado certo para Juliana Deodoro, um texto sobre o cinema nigeriano.

Mas não é só de FAN que vive o Invasões Bárbaras. Apesar da cobertura intensa, o evento acabou e nós voltamos a uma programação mais abrangente:

Terça - Vetrô Gomes continua nas areias de Gobi e fala sobre hip hop da Mongólia

Quarta - Vetrô Gomes dá um gostinho do novo CD do Postgirobygget

Quinta - Tiago Capixaba dá vazão a sua overdose de reggaeton escrevendo sobre o Calle 13 e seu último CD, Residente o Visitante.

Sexta - Hidson Guimarães direto da Suiça Baiana (Vitória da Conquista) faz um texto sobre o Basshunter, da Suécia.

Sábado - Adriana Costa dá um panorama sobre uma das atrações do FAN, Doudou N'Diaye Rose

Domingo - Juliana Deodoro abre seu coração e nos fala sobre sua banda favorita: Rollercoaster da Coréia do Sul.

E essa semana está de volta o Informativo Invasões Bárbaras, para se cadastrar, mande um e-mail para invasoes@gmail.com.
 
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sexta-feira, novembro 23, 2007
Os tambores de Burundi

Eles entraram pelo meio da multidão. Eram doze homens e carregavam tambores de aproximadamente um metro, equilibrados na cabeça. Vestidos com as cores de Burundi, branco, verde e vermelho, inspiravam respeito. Mais do que isso, eles tinham uma certa aura, uma energia diferente. Talvez porque não seja bem um grupo fácil de encontrar por aí, e isso gere uma curiosidade daquelas que a gente custa a sentir depois dos onze anos.

Li que em Burundi, país africano vizinho a Ruanda e que também vive conflitos étnicos, os tambores são instrumentos sagrados e que tocá-los é um privilégio. Burundi Drummers transmite bem a idéia. Você se sente expectador de algum ritual. Eles tocam, cantam, dançam e depois de uma hora de show, ininterrupta, você tem certeza de que aqueles homens estão em transe.

Aparentemente a platéia também. Ao contrário do que eu esperava, poucos foram os que dançaram. A maioria, assim como eu, simplesmente ficou lá, meio anestesiada, sem conseguir desgrudar os olhos do palco. Três dançarinos se revezam e desafiam-se em uma coreografia quase sempre marcada por saltos carpados. Também percussionistas, são eles os protagonistas das evoluções feitas no tambor central.

A sensação é ter engolido uma caixa de som, tamanha a força das batidas. Porém, o ritmo é simples, torna-se um pouco repetitivo, e em alguns momentos toda aquela intensidade me incomodou um pouco. Bem, considerem meus ouvidos leigos. A verdade é que um texto, como esse, dificilmente define a fibra e a magia de um grupo como Burundi Drummers. E quem não estava na Praça da Estação na última quarta feira, dia 21, perdeu.

(foto: www.fanbh.com.br)
 
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quarta-feira, novembro 21, 2007
A África é logo ali
No dia em que se celebra a morte de Zumbi dos Palmares (20 de novembro), fui incumbida de ir acompanhar uma roda de conversa no Festival de Arte Negra cujo tema era “África e Brasil – Memória e Futuro”. As convidadas foram a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, e Elisa Larkin do Nascimento, pesquisadora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros.

Primeiro: eu não sabia da existência dessa secretaria. Segundo: essa conversa foi fundamental para fechar um dia em que entrei de cabeça no FAN. Comecei por um passeio pelo Centro Cultural da UFMG, onde está acontecendo a exibição de filmes nigerianos (neste fim de semana postarei um texto sobre o tema), e acabei em Ojá, onde o FAN se concretiza de maneira bem peculiar.

Ojá é o mercado cultural do Festival. Como todo mercado, é cheio de gente, é movimentado, e tem seus cheiros e sons. Comidas, instrumentos, artesanato, barulhos, dança, conversa, penteados, música... Tudo se encontra por lá. E literalmente no meio disso, aconteceu essa roda de conversa com pessoas tão gabaritadas.

A ministra, devido à sua agenda cheia, chegou atrasada. Enquanto a esperávamos, Elisa Larkin nos mostrou um projeto de sua autoria: uma linha do tempo com a história cultural do continente africano. Pode parecer chato, mas para mim foi bastante interessante. Cada período de 500 anos da história africana foi resumido em uma folha de papel A4. A linha do tempo possuía no total 4 metros e meio de extensão. De todo esse papel, apenas a última folha demonstrava um período em que os africanos ficaram subjugados pelos brancos. Uma folha! (E essa folha representava de 1500 até 2000). Essa constatação me impressionou realmente.

Depois disso, a ministra Matilde (vestida de branco) apareceu e com um discurso um tanto quanto burocrático começou. Beleza, é bastante interessante a questão racial ganhar importância a ponto de se ter uma Secretaria com status de Ministério para lidar com a situação. E mais: a questão racial no Brasil é realmente delicada, merece toda a atenção e deve ser discutida continuamente. O grande problema é que a ministra não estava ali para um debate e a conversa não foi muito além de um esclarecimento sobre as políticas públicas que estão sendo realizadas.

Assim, saí da roda e fui aproveitar Ojá, que tanto me encantou. Fui perceber que como Elisa falou durante sua explanação, raça não passa de uma questão socialmente construída. Mais que isso, percebi também que, apesar da gozação que esse blog faz, Vanucci está coberto de razão: A África (toda ela) não está tão longe de nós assim.
 
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terça-feira, novembro 20, 2007
É nóis no FAN

Depois da participação de Tiago Capixaba na abertura da Mostra de Cinema Nigeriano, os trabalhos invasores no FAN se intensificaram. Nesta terça-feira, a nossa equipe participou de várias atividades que integram o Festival de Arte Negra e até nos esbarramos por acaso, no espaço Ojá, montado na Casa do Conde, no centro de Belo Horizonte.


Esta é a quarta edição do festival e a cada realização uma temática diferente é escolhida. Neste ano, a abordagem não poderia ser melhor para o Invasões:



- Nós fizemos a escolha de olhar diretamente para a África e como o continente é bastante vasto, resolvemos olhar para acima da linha do Equador. Encontramos um movimento intenso que nos chamou bastante a atenção na parte oeste da África... Senegal, Mali, Burundi. E então convidamos artistas, músicos, bailarinos, trouxemos fotos. E nós, nesse movimento, acabamos fazendo uma ponte direta com a África, aqui no Brasil, através desse festival - explica Rui Moreira, um dos curadores do FAN.


Na programação estão previstos shows, debates sobre a importância da cultura afro no Brasil e exposições interessantes como é o caso de "Olhares cruzados" que visitamos nesta terça. Ela está montada no Centro Cultural da UFMG e traz imagens e objetos de arte produzidos por crianças de Angola, Brasil, Congo, Moçambique, Haiti e Senegal.

Durante essa semana, a equipe do Invasões ainda vai falar muito sobre outras atrações do festival. Amanhã, Juliana Deodoro escreve sobre a roda de conversa: "África e Brasil - Memória e Futuro", que aconteceu na noite desta terça. Fique por dentro da programação do FAN e não perca a cobertura do Invasões Bárbaras, que segue firme e forte até domingo (25/11), último dia do festival. Abraços!

Fotos: Juliana Deodoro
Texto: Vetrô Gomes
Edição: Tiago Capixaba
 
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Nollywood
Hollywood? Que nada! Quando o assunto é África, o nome a ser pronunciado é Nollywood. O pólo cinematográfico nigeriano teve crescimento espan- toso nos últimos anos e já é o terceiro maior do mundo, atrás apenas de Bollywood, na Índia, e da própria Hollywood, nos EUA. As produções da Nigéria se encontram distantes do público brasileiro, mas podem ser conferidas durante o Festival de Arte Negra, que acontece até domingo, em Belo Horizonte.

Ao acompanhar a abertura da mostra, nesta segunda, no Centro Cultural da UFMG, confesso que torci o nariz para os trechos dos filmes que foram apresentados. Tecnicamente falando, não observei nada primoroso. A explicação é simples: o cinema nigeriano parte de um esquema de produção artesanal, com orçamentos baixíssimos e prazos mínimos, que muitas vezes não chegam a um mês. Como resultado temos um número gigantesco de produções, simples, que agradam em cheio ao público local.

"Esses filmes estão tirando Hollywood do mercado. Eles mostram mais a realidade moderna dos africanos, falam de moral, aids, educação. E trazem uma conscientização sobre nossas raízes", afirmou o nigeriano Michael Olusegun Akinruli, convidado do primeiro dia da mostra. Uma fórmula eficiente. Nollywood fatura cerca de 250 milhões de dólares por ano.

Apesar disso, existe pouco apoio do governo e não há espaço para superproduções. Na lista dos 30 países mais pobres do mundo, a Nigéria, mostra, desta forma, que grandes verbas não são necessárias para se fazer cinema. Os africanos aperfeiçoaram muitas técnicas do cinema digital e utilizam edição caseira para colocar os filmes no mercado. A comercialização é realizada em camelôs, nas ruas das grandes cidades.

Em meio aos astros que já se formaram o cinema nigeriano mostra fôlego. Presença constante nos lares do país desde o início da década de 90, as produções chegam também a outras nações africanas. Ficou curioso? A Mostra de Cinema Nigeriano do FAN continua nesta terça-feira com duas atrações. Confira a programação.
 
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segunda-feira, novembro 19, 2007
Semana FAN
A quarta edição do FAN, Festival de Arte Negra, teve início nesta segunda-feira em Belo Horizonte com uma programação repleta de atrações. E durante toda a semana, a equipe do Invasões Bárbaras volta olhos e ouvidos para trazer um pouco de cinema, música, dança e cultura para o nosso blog. Uma África que faz parte do nosso cotidiano e serve de fonte para as produções de nossos artistas e, ao mesmo tempo, permanece tão distante, escondida nas sombras inexploradas por nossos meios de comunicação. Vale a pena conferir!

Nossa cobertura começa nesta terça-feira com dois textos. Um deles sobre Nollywood (o cinema nigeriano) e outro com impressões dos curadores do festival. Até daqui a pouco!
 
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domingo, novembro 18, 2007
Bersuit + Peitos = Focinho

Sexta-feira à tarde, casa de parentes, barriga cheia. “Meu Deus do céu, o que eu vou escrever para o blog?” Los Pericos, estava na programação, eu sei. Mas em uma jogada inesperada a estagiária surpreende os leitores e os próprios chefes, avança algumas casas e tcharãn(!!!) escolhe outro tema.

Tipo um Titãs. Bom, tem gente que acha.


Bersuit Vergarabat é rock, é irreverente e já está na cena musical argentina há bons 20 anos. Tempo suficiente para consagrar a banda - que começou tocando no circuito underground portenho - como uma das maiores do país.

Criticam o sistema capitalista, a política, a sociedade e tudo o que a maioria dos jovens acredita que deva ser criticado. O pijaminha, por exemplo, com os quais os rapazes tradicionalmente se apresentam é uma homenagem aos internos do Hospital Municipal José Tiburcio Borda, hospício de Buenos Aires.

Ok, talvez eles sejam um pouquinho mais escrachados que os Titãs. “Hociquito de Ratón”, em português “Focinho de Rato”, é a música do grupo que acompanha o ápice de suas apresentações. Aproximadamente vinte mil garotos controlam o coraçãozinho enquanto algumas felizardas são convidadas para dançar no palco. Er... Sem blusa.

O ato, tradicionalíssimo, inclui a interação de Cordera, vocalista, com as meninas. Com algumas menos, com outras mais. Considerado pelas fãs uma honra e a realização de um sonho, “Hociquito de Ratón“, é obvio, já esta no Youtube.



Espetáculos à parte, a banda realmente merece uma conferida. Em 2004 chegaram a ser considerados pela mídia argentina como a melhor banda do país. “La Argentinidad al Palo”, álbum lançado no mesmo ano, recebeu um dos maiores prêmios da música argentina: o “Gardel de oro a la musica”. Mas, afinal, quem precisa disso quando se tem uma canção (“O vas a missa...”) no game FIFA 07??
 
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sábado, novembro 17, 2007
Por trás do arco-íris

O nome francês até tenta enganar, mas o arco-íris, ou melhor, o L’Arc~en~Ciel é da terra do sol nascente, mais precisamente de Osaka. Laruku, como a banda também pode ser chamada, surgiu em 1991 e sobrevive até hoje fazendo bastante sucesso. O primeiro álbum, Dune, foi lançado em 1993 e alcançou o primeiro lugar na lista de artistas independentes da Oricon, a Billboard japonesa. Desde então, o grupo já lançou dez álbuns, oito compilações e 31 singles.

São 15 anos de carreira, mas não é só por seu sucesso que o L’Arc~en~ciel se destaca. Na primeira vez que fui pesquisar a banda, algumas coisas me chamaram a atenção. No início, o que se destaca é o visual dos integrantes: hyde, ken, tetsu e yukihiro são meio andrógenos. E por favor, não me vá escrever os nomes com letras maiúsculas: não pode! O motivo para isso, infelizmente eu não sei.

No site oficial você pode encontrar ainda informações muito importantes sobre os músicos, como seu tipo sanguíneo e horóscopo. Mas a diversão só está garantida se sua pesquisa acabar no site pessoal de hyde, o vocalista e o mais “misterioso” integrante do L’Arc~en~ciel. Com uma temática inspirada em bruxas e uma estrutura que lembra jogos interativos de meados da década de 90, o site oferece produtos muito importantes aos visitantes e fãs, como o pijama do hyde. Os interessados podem acessar http://www.hyde.com/.

E aqueles cujo interesse é apenas a música, podem ficar alegres: tem disco novo do L’Arc~en~ciel vindo aí. Aguardem.
 
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Que tal um metal? Ah, lógico!
Já está na hora de dar uma quebrada nesta seqüência latina que assola o blog desde o aquecimento da Noite dos DJs Bárbaros no Ziriguidun. E nada melhor que partir para um idioma e um gênero musical bastante diferentes: metal progressivo sérvio.

O nome Alogia vem obviamente do grego, e tem a ver com o empobrecimento do pensamento, que se manifesta também na fala, com respostas curtas que não dizem quase nada.

A banda Alogia lançou em 2002 seu primeiro CD, Priče o Vremenu (Contos Sobre O Tempo). Dois anos depois, foi a vez de Priče o Životu (Contos Sobre A Vida). Em 2005, a banda, que já é relativamente conhecida no circuito internacional, lançou Secret Spheres of Art (Esferas Secretas da Arte), sua primeira incursão no mercado fonográfico global. Este álbum é uma releitura do primeiro, Priče o Vremenu, com letras em inglês e mais duas canções inéditas.

Aparentemente, a banda não tem a pretensão de "abandonar o mercado sérvio", até porque em 2006 foi lançado o CD ao vivo Priče o Vremenu i Životu, uma coletânea dos dois primeiros, como o nome já diz. Mas o discurso dá a entender que não seria possível fazer sucesso mundial cantando em sérvio, o que não é verdade, já que a banda já estava ficando conhecida antes de lançar o CD em inglês. Estamos de olho.

O clipe abaixo é da música Novi Dan, ou "Novo Dia", é do segundo CD e está disponível no site oficial, http://www.alogia.org.yu, para download (reparem que a Iugoslávia acabou, mas os domínios .yu continuam). Recomendamos também Sećanje na Slike iz Sna (Memória dos Retratos de Um Sonho), que tocou na semana das pílulas sobre a Sérvia.


 
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sexta-feira, novembro 16, 2007
Reggaeton
Como o próprio nome indica o reggaeton tem sua origem ligada ao reggae jamaicano. Principalmente a dois de seus subgêneros: o raggamuffin e o dancehall. A bomba, ritmo tradicional de Porto Rico, e a salsa também fazem parte dessa fórmula. Assim como uma grande influência do hip hop.

A origem do reggaeton motiva discussões. Para alguns ele nasceu em Porto Rico, enquanto outras correntes de pesquisadores afirmam que ele teria sido criado no Panamá. Mas o fato é que os principais nomes desse estilo são porto-riquenhos. Responsáveis também pelo sucesso que o ritmo alcança em várias partes do mundo.

No começo da década de noventa o ritmo crescia longe do apoio das gravadoras. Estúdios improvisados e fitas cassetes garantiam a distribuição das músicas entre os jovens. A primeira dessas fitas se chamava “Playero 37” e contava com a presença de vários artistas, entre eles Daddy Yankee, até hoje um dos nomes mais conhecidos do gênero. Atualmente a realidade é bem diferente. O reggaeton saiu dos guetos para se tornar o estilo musical que mais movimenta dinheiro na ilha.

Uma de suas marcas é a tiraera, comum também no rap. Guerras verbais entre músicos, que se provocam nas letras de suas canções e em seus shows. Provocação que muitas vezes não passa de teatro, mas que garante bastante atenção do público e da mídia. Na época de seu surgimento, o conteúdo das letras do reggaeton era repleto de preocupações sociais, mas hoje é bem menos engajado.

A conotação sexual e violenta de muitas composições motiva várias críticas. Assim como a base musical das canções, considerada repetitiva. Somamos a isso a dança utilizada nos bailes do ritmo: o perreo. A palavra é derivada de "perro", cachorro em espanhol. E os movimentos do perreo têm um conotação bem sexual.

O fato é que muitos músicos do gênero ocupam uma posição importante no cenário latino-americano, assim como o próprio reggaeton. Mais textos sobre o ritmo e alguns de seus representantes estarão no nosso blog nas próximas semanas.
 
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quinta-feira, novembro 15, 2007
Ah Ah Oh No
Wamba foi uma daquelas bandas que me chamou a atenção com uma música que na verdade era versão. Diga-se de passagem, uma versão muito bem produzida e mais agradável aos ouvidos que a original de Willie Colón, ou mesmo a regravação de Olga Tañón. Refiro-me à canção Ah Ah Oh No.

À semelhança da meninada de Bonka, Wamba também surgiu nos festivais intercolegiais de música, tão populares na Colômbia. O primeiro CD saiu apenas no 1º semestre deste ano, mas os singles (ou sencillos, como se diz por lá) Compadre, Otra Oportunidad e o próprio Ah Ah Oh No já haviam atingido o Top 10 das paradas colombianas vários meses antes.

O trabalho da banda, como era de se esperar, é bastante voltado para o público adolescente. O som combina fusões de ritmos locais, como a cumbia e o vallenato, ao pop-rock. Qualquer semelhança com bandas compatriotas tais quais Bonka e San Alejo não é mera coincidência: estamos mesmo diante de um novo gênero musical, rotulado de tropipop, do qual falaremos oportunamente em nosso blog.
 
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terça-feira, novembro 13, 2007
Juan Luis Guerra
Da República Dominicana para o mundo. O cantor e compositor Juan Luis Guerra já lançou 14 discos nos seus 23 anos de carreira, com 15 milhões de cópias vendidas. Das apresentações na escola, passando pela gravação de jingles para uma TV local, até a gravação do primeiro disco, em 1984. "Soplando" trazia a união de Guerra e sua banda " 4.40". O álbum traz a marca do merengue (ritmo dominicano) com uma boa dose de jazz.

Uma carreira repleta de baladas e bachatas (outro gênero típico de seu país) marcantes. O reconhecimento chegou já em 1989 com o disco "Ojalá que llueva café", que alcançou grande sucesso na América Latina. O caminho estava aberto e em 90 o dominicano lançou o seu trabalho de maior sucesso. "Bachata Rosa" foi marcante comercialmente e vendeu cerca de cinco milhões de cópias, recorde pessoal de Guerra.

A boa fase rendeu muitas apresentações em território latino-americano e também na Europa. Por esse disco, o músico ganhou o seu primeiro Grammy e transformou muitas músicas em verdadeiros clássicos. "Bachata Rosa" ganhou uma versão para o público brasileiro: "Romance Rosa", com canções traduzidas para o portuguêss. Uma delas, "Burbujas de Amor"/"Borbulhas de amor" ficou conhecida na voz do cantor Fagner.

Na década de noventa a sonoridade de Guerra sofre algumas mudanças. Para muitos a alegria presente nos discos anteriores se perdeu, para outros começa aí os melhores anos do dominicano. O ar mais sério e nostálgico de algumas canções e as críticas sociais de outras fizeram com que o disco "Areito" (92) vendesse aproximadamente 2 milhões de cópias. Na mesma época a canção "El costo de la vida" causou certa controvérsia. Muitos acharam que Guerra, por ter origem na classe média, não era a pessoa adequada para fazer uma canção que falava da pobreza dos dominicanos e de muitos habitantes da América Latina.

Bem, mas essa foi uma das poucas polêmicas que atingiu o cantor. Tímido e reservado, Juan até desacelerou o ritmo dos concertos nessa parte de sua vida. Ele mesmo admite que o sucesso daquele momento era bem maior do que o esperado. Mas a carreira seguiu, com muitas parcerias e desenvolvimento também da figura de empresário e produtor. Em 95, por exemplo, o músico funda a rádio Viva FM e o canal Mango TV (vendido em 2003).

A produção seguiu desacelerada. Um disco em 98, outro apenas em 2004 e muitas apresentações, regravações e prêmios nesse intervalo. Em 2007, Juan Luis y Los 4.40 gravam o álbum "La Llave de Mi Corazón" que leva os principais prêmios da oitava edição do Grammy Latino . A divulgação e o marketing envolvendo o disco foram enormes e com isso Guerra espera se aproximar ainda mais de outros mercados. A canção que leva o mesmo nome do disco apresenta fusões com vários ritmos e possui versão em inglês e também em português. Aqui, nós ficamos com a música original, em espanhol.

 
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segunda-feira, novembro 12, 2007
Semana Invasões Bárbaras
Nem todas as peças estão no tabuleiro, mas temos tudo para ganhar o jogo nesta semana. Com duas damas, fica tudo mais fácil.


Terça: Tiago Capixaba e Juan Luis Guerra, o papa-tudo do Grammy Latino.

Quarta: Hidson Guimarães e a banda Wamba, da Colômbia.

Quinta - Tiago Capixaba e um pouco da história do reggaeton.

Sexta - Hidson Guimarães tira uma carta da manga e posta um texto direto da Bahia.

Sábado - Juliana Deodoro e as bizarrices do grupo japonês Larc~en~Ciel.

Domingo - Adriana Costa e a banda argentina Los Pericos.


Xeque-mate!!!
 
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sábado, novembro 10, 2007
Ci 6 Solo Tu
Bisogna vivere la vita ogni minuto
Senza rimpiangere quello che è già passato
Non è importante nella vita se hai sbagliato
Ma quel che conta, almeno, è averci tentato
Di fare quello che ti passa per la testa
Senza nessuno che ti dica adesso basta
Voglio gridare a tutti quanti la mia rabbia
Di questo mondo ormai chiuso in una gabbia

Solo, solo, solo (sei solo tu)
Solo, solo, solo (ci sei solo tu)
Solo del tuo sogno
È ciò che hai bisogno
Quel che ti basta per amare il mondo
Adesso che (sei solo tu)
Tu sei tu (ci sei solo tu)
Tu sei tu, sei tu (ci sei solo tu)
Tu sei tu (ci sei solo tu)

Convinto di capire cos’è più importante
Vivere da leoni fingendosi ignorante
Invece di sembrare un candido agnellino
Sputando del veleno a chi ti è vicino.
Svegliarsi la mattina con un unico obiettivo
È il sogno che ti porti dietro sin da bambino
Mangio le avversità, per i problemi non c’è posto
Ignoro chi mi sputa contro ad ogni costo

Solo, solo, solo (sei solo tu)
Solo, solo, solo (ci sei solo tu)
Solo del tuo sogno
È ciò che hai bisogno
Quel che ti basta per amare il mondo
Adesso che (sei solo tu)
Tu sei tu (ci sei solo tu)
Tu sei tu, sei tu (ci sei solo tu)
Tu sei tu (ci sei solo tu)
E allora solo del tuo sogno è ciò che hai bisogno
perchè (ci sei solo tu).
Solo, solo, solo
Solo, solo, solo
Solo, solo, solo
Solo, solo, solo (ci sei solo tu)
Solo, solo, solo (ci sei solo tu)
Solo, solo, solo (ci sei solo tu)
Solo, solo, solo...

Pra quem curtiu a Noite Latina com os DJs Bárbaros, vêm aí as pílulas da Itália, e nós vamos conhecer melhor esta e outras bandas. Ska, pop, punk, indie, electro, mediterrâneo e por aí vai.

Aguardem também que logo, logo tem mais festa por aí.
 
Psicografado por Hidson Guimarães | Permalink | 0 comentário(s)
Hormônios femininos invadem os Bárbaros

Uma hora e tanto de filme. História trágica atrás de história trágica. Trilha sonora carregada, envolvente. E uma figura pequenina, sempre vestida de preto, com andar característico, meio torto, voz esganiçada e humor oscilante, se destaca no meio disso tudo.

E por que ela aparece mais que qualquer um? Porque é a personagem principal. Óbvio. Mas por que nesse exato momento, quando você já se identificou com ela, já comprou a história, já está satisfeito com sua escolha de filme, ela brilha de novo e chama a atenção dos seus olhos? Porque está apaixonada. Vive o grande amor da sua vida e fica bela, muito bela.

Edith Piaf não era uma mulher das mais atraentes. Reencarnada por Marion Cottilard, no longa “Piaf – um hino ao amor”, há momentos que sua figura esquisita incomoda. Isso, até aparecer o boxeador Marcel Cerdan em sua vida. Ela se vê diante de um grande amor e nós, o público, nos vemos diante de uma transformação. Os olhos de Piaf/Cottilard brilham, ela está encantada com ele, e nós também. Quando Marcel morre (sim, ele morre), outra vez ela brilha. Mas é de sofrimento. E a única coisa que a consola é a música (não falo da morfina pra não quebrar o clima).

Na vida de Piaf, sofrimento se transforma em música desde os mais tenros anos de sua vida, até seus últimos momentos. E é música que dá gosto de ouvir. O maior nome de um estilo denominado “chanson francesa”, canta com a alma, e emociona a todos.

A maior "chanssonière" que a França (e o resto do mundo) conheceu é herdeira das músicas de cabaré dos anos 20 e 30. Seu estilo musical, no entanto, surgiu no período entre-guerras e se destacou por tratar do cotidiano dos franceses de forma bem particular. As letras carregam um quê de poesia satírica da Idade Média que, combinadas com melodias sentimentais e performances catárticas, fazem da chanson um estilo único.

Estrógeno à parte, "Piaf - um hino ao amor" é um bom filme para quem gosta de saber sobre música, assim como para quem gosta de um bom drama. Em uma das cenas finais, Edith Piaf afirma apenas que não se arrepende de nada em sua vida. Quem não viu o filme, que estreou nos cinemas no dia 12 de outubro, é que pode sofrer desse mal. Ele já saiu de cartaz, mas talvez possa ser encontrado nas locadoras. Vale a pena procurar.

No vídeo abaixo você pode conferir a voz, a música e a interpretação de Piaf.


 
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sexta-feira, novembro 09, 2007
O Grammy de Juan

Juan Luis Guerra. Esse foi o grande nome da oitava edição do Grammy Latino, que aconteceu na noite desta quinta-feira. O cantor e compositor dominicano transformou o merengue no ritmo da noite. Foram seis Grammys e ainda uma homenagem, ele foi eleito a "personalidade do ano". Na bagagem, Guerra levou os três prêmios principais: "gravação do ano", "álbum do ano" e "canção do ano". Somados a esses ainda vieram as estatuetas de "melhor engenharia" e os já esperados prêmios de "melhor álbum de merengue" e "melhor canção tropical". Todos pelo álbum "La Llave de Mi Corazón" e a canção que leva o mesmo nome.

"Pai" Baiano (que mandou bem nas previsões) já dizia dias atrás que o Grammy trabalha com cartas marcadas e isso realmente fica visível em muitas escolhas. Assim, aqueles que fazem as apresentações são na maioria das vezes os que levam os prêmios. Os espanhóis do Quinta Estacion, a dupla mexicana Jesse & Joy, o grupo Calle 13 e as cantoras Laura Pausini e Daniela Mercury não me deixam mentir. Apresentação seguida de premiação ou vice-versa.

E foram os shows que deixaram um pouco a desejar, em grande parte pelo excesso de canções românticas, mas também por algumas performances que não empolgaram. Destaque positivo para a união de Orishas, Calle 13 e o grupo de percussão Stomp que, com muita energia e uma performance bem elaborada, protagonizaram um dos melhores momentos da noite.

A transmissão da Rede Bandeirantes para os espectadores brasileiros foi interessante para mostrar um pouco do melhor (e pior) da música latina, mas evidenciou também o nosso isolamento. A apresentadora Mariana Ferrão deu o recado ao perguntar por que "esses artistas não chegam ao Brasil?". Guto Graça Melo e um Paulo Ricardo, bem perdido, escorregavam para comentar um cena musical complexa, que mesmo tão próxima geograficamente é extremamente distante dos brasileiros.

E o fato é que a recíproca é verdadeira. Patrícia Maldonado ("embaixatriz" do Brasil nomeada pela Band) apresentou as nossas categorias em bom português mesmo, como se abrisse as portas de um universo paralelo. Para a maioria naquela platéia os nomes dos indicados brazucas são tão familiares quanto os de música norteña para os profissionais envolvidos na transmissão verde-amarela. E isso não é uma crítica, é apenas uma constatação. Certas coisas chegam aqui, mas sempre fazem escala em Miami (ou Las Vegas) antes de desembarcarem. É tudo realmente muito longe.

Sobe

Juan Luis Guerra - o dono da noite. Fez festa antes, durante e depois da premiação.

Calle 13 - a dupla de Porto Rico ganhou mais dois Grammys e já tem cinco no currículo. Isso com apenas dois discos lançados. Levou o prêmio na concorrida categoria de "melhor álbum urbano" e emplacou a de "melhor canção urbana" em uma parceria com os cubanos do Orishas.

Caetano Velloso e Laura Pausini - brasileiro e italiana que ganharam prêmios importantes em uma premiação tradicionalmente de predomínio hispânico.

Desce

Shakira - ano passado a colômbiana dominou o Grammy Latino e venceu os prêmios principais. Tudo bem que nesse ano ela não lançou álbum, mas ao menos o duo com a estadunidense Beyoncé não levou nada.

Daddy Yankee - o "rei do reggaeton" não teve chance mais uma vez. Quem sabe no ano que vem.

Cerimônia - faltou um pouco de sal. Ninguém esperava a pirotecnia dos prêmios da MTV, mas faltou um pouco de vida e criatividade ao Grammy. Somamos a isso alguns problemas técnicos e a escolha dos shows, que penderam muito para a linha pop romântico. O fato é que a cerimônia não escapou de uma atmosfera meio brega.

Confira a lista completa com os vencedores (e perdedores).
 
Psicografado por Tiago Capixaba | Permalink | 0 comentário(s)
quinta-feira, novembro 08, 2007
E o Grammy Latino, hein, Capixaba?
É hoje a entrega. Amanhã tem matéria completa do Tiago Capixaba para nós. Enquanto isso, vamos de palpites.

- Artista-revelação deve ficar com Jesse & Joy.
- Calle 13 deve ganhar algum prêmio, seja em álbum ou na categoria urbano.
- Álbum pop para duo ou grupo deve ir para El Disco de Tu Corazón mesmo, de Miranda, apesar de que o disco de lançamento de Jesse & Joy também está concorrendo.
- O tal Juan Luis Guerra é barbada, o cara tá em todas, deve levar até o prêmio geral.
- Brasileiros devem ficar só nas categorias brasileiras mesmo, não acho que algum vá levar alguma categoria internacional.
- Bastante coisa que rola nos DJs Bárbaros (inclusive vai rolar amanhã) na categoria tropical. El Gran Combo de Puerto Rico deve levar um dos prêmios, mas eu torço para que sobre alguma rebarba para Oscar D'León (até porque ele está só de bigode, que nem o Vetrô), o disco dele está muito bom.

Agora é esperar, palpite é grátis mesmo e não é crime também!
 
Psicografado por Hidson Guimarães | Permalink | 0 comentário(s)
quarta-feira, novembro 07, 2007
Noite Latina: O Retorno
A Noite Latina dos Djs Bárbaros está com tudo, e mais uma vez a música para sacudir al Imperio invade as pistas do Ziriguidun. Desta vez o itinerário se amplia e chega também à França, Suécia, Noruega, África do Sul e por aí vai, não tem jeito de perder a viagem.

Djs Bárbaros e banda Chévere

Sexta, 09/11 - 22h - R$ 7
Ziriguidun - Av. Catalão, 470 - Caiçara

Até lá!
 
Psicografado por Hidson Guimarães | Permalink | 2 comentário(s)
As belas melodias do Gobi

Em 1991, quatro músicos do conservatório de Ulaanbataar, na Mongólia, se juntaram para fazer trilhas sonoras para um teatro de contos de fada e mitos. Nascia assim o Egschiglen, que em português, significa "bela melodia".

O objetivo do Egschiglen sempre foi preservar e divulgar a cultura tradicional do povo mongol. As apresentações da orquestra são acompanhadas pelo morin khuur, um violão com cabeça de cavalo e cantadas numa técnica chamada de Canto Difônico, onde o músico manipula o ar que passa por suas cordas vocais, produzindo um efeito bem característico.

O último trabalho do grupo foi o cd Gobi, lançado em 1997. Até hoje eles continuam fazendo shows e divulgando a cultura mongol. A orquestra hoje tem oito membros, três tocando o morin khuur (Tumenbayar Migdorj, Huyagsaihan Luvsanaharav e Tumursaihan Yanlav), um músico no baixo (Uuganbaatar Tsend-Ochir), dois solistas vocais (Amartuwshin Baasandorj e Sarangerel Tserevsamba joochin), um perito em percussão asiática (Wandansenge Batbold) e uma dançarina (Ariunaa Tserendavaa)

Para você conhecer um pouco do som do Egschiglen, segue o vídeo da apresentação da orquestra no Festival Tam Tam, do ano passado. A filmagem é amadora, mas o som é bom.

 
Psicografado por Vetrô Gomes | Permalink | 0 comentário(s)
terça-feira, novembro 06, 2007
O folk é pop, o pop é folk
Na cena cultural bárbara, pouca coisa é tida como mais "na moda" do que o folclore e a mitologia nórdicos. O que tem de brasileiro (a) e hispano-americano (a) que lamenta não ter vivido na época dos vikings e das runas não está no gibi do Hagar. O fenômeno só se compara à subcultura dos Otaku, que o Vetrô muito propriamente tem mencionado e ainda virá a mencionar em várias mídias do Invasões Bárbaras.

Os artistas escandinavos, que não têm nada que ver com modismos da pós-contemporaneidade, costumam produzir música que combina os arranjos folclóricos e a sonoridade do pop e que se torna sucesso de público e crítica. Isto é válido em especial em relação à Noruega. Durante a nossa pesquisa, encontramos músicos que se encaixariam nesse pop-folk...ou folk-pop, difícil fechar questão sobre o nome.

Kari Bremnes fez uma música que é a cara dos mineiros: Togsang, ou Canto do Trem. Só o ritmo da música, parelho com o da Maria-Fumaça, já faz valer a pena escutar. O clipe é uma viagem só:



Vamp é folk-rock cantado em bom dialeto. A música Tir N'a Noir (sem clipe) não foge a esta regra, mas tem seu título e tema vinculados às tradições celtas.



Christine Guldbrandsen teve seus 15 minutos de fama ao levar a dança dos elfos, Alvedansen, ao baranguíssimo concurso da Eurovisão. Muita gente torce o nariz, mas eu até que não tenho nada a reclamar da música, nem da cantora. Méritos para ela por cantar neste concurso em seu idioma natal e levar música folclórica ao invés de uma simples balada pop-água-com-açúcar que nem a maioria.



E, por fim, postarei a foto de um cavalo fjord, pois não estava agüentando mais pesquisar fotos de fjords e topar com este maldito cavalo do topete loiro.

 
Psicografado por Hidson Guimarães | Permalink | 3 comentário(s)
segunda-feira, novembro 05, 2007
Cronograma invasões Bárbaras
Estréia no Blog e programação completa para a semana. Você não pode perder.

Terça: Hidson Guimarães e o popfolk

Quarta: Vetrô Gomes e a garganta mongol.

Quinta: Todos e o bolão do Grammy latino

Sexta: Tiago Capixaba e a cobertura do Grammy Latino.

Sábado: Juliana Deodoro e a vida sofrida de Edith Piaf

Domingo: Adriana Costa e o sucesso do verão de Sara Tavares
 
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sábado, novembro 03, 2007
Não podia deixar esta de fora
Quem nunca teve uma colega, ou uma vizinha, que "passou na mão" de todo o mundo? Pois assim aconteceu com esta obra-prima do cancioneiro alemão, Du willst immer nur ficken (quem não entendeu o título, é só mandar e-mail que a gente traduz). A música original é do grupo humorístico Ganz Schön Feist, mas muita gente pensa que foi a banda de "fun metal" J.B.O. que a compôs. De qualquer forma, esta música já rodou na mão de Rosenstolz, Die Prinzen, Die Schröders e mais uma galera. A que mais me agradou até o momento foi a da Tocotronic, com a bateria bem ritmada do rock indie. Abaixo dá para ouvi-la, é só ignorar o videozinho que foi montado para "homenagear" o Linkin Park, a música do clipe é do Tocotronic mesmo. De quebra, tem a letra nos comentários.


 
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sexta-feira, novembro 02, 2007
A Nova Corda
Nova no nome, mas já bem rodada. A banda De Nieuwe Snaar tem esta denominação porque alguns de seus membros participaram de uma banda chamada De Snaar. Isto foi ainda nos anos 70, já que a própria De Nieuwe Snaar de que estamos falando começou nos anos 80.

O som do grupo tem um pouco de música folclórica e de música de cabaré, mas sempre com muito humor. Os integrantes já participaram do humorístico na TV De Pré Historie, tendo uma canção como tema de abertura. Seus shows podem ser mais considerados como números humorísticos ao invés de concertos.

O sucesso e a representatividade de De Nieuwe Snaar lhe rendeu o título de embaixadora cultural de Flandres, a região norte da Bélgica, de fala holandesa. Mas a banda não ficou restrita às suas raízes lingüísticas: foram lançados discos em francês, a outra língua principal da Bélgica; em alemão e até em espanhol, trabalho que lhe garantiu um mês em cartaz em um teatro de Barcelona.

A música que fez sucesso entre nós, invasores, e que está bombando com os DJs Bárbaros é De Limburg Limbo, um trocadilho com a cidade de Limburgo da Bélgica (há uma homônima na Holanda), que tem o apelido de Limbo, e o fato de limbo também ser o nome de um ritmo caribenho. Em breve vamos postar a tradução para vocês.

 
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Colocando no forno
Hoje às 11 da noite, no Invasões Bárbaras semanal, teremos o quadro Saído do forno com o Gorod 312, do Quiguistão. Para sentir o gostinho de Obernis, o novo álbum da banda, segue o vídeo da terceira faixa do cd: Devochka, kotoraja khotela schast'ja.

 
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quinta-feira, novembro 01, 2007
Indies Bárbaros - Parte 3
Recentemente, Belo Horizonte assistiu a mais uma edição da Mostra Mundial de Cinema, o Indie07. E dentro da curadoria Música do Underground, o Invasões Bárbaras viu alguns filmes que valem muito uma menção. Hoje, com uma participação inédita escrevendo:


Rock'n Tokyo
por Juliana Deodoro
(Rock'n Tokyo)
Um documentário de Pamela Valente, França/Japão, 2006, 90´ min.

Quem se lembra do filme Lost in Translation (Encontros e Desencontros) de Sofia Coppola pode ter alguma idéia da sensação que Rock’n Tokyo causou em mim. O documentário da paulistana Pamela Valente me fez, como espectadora, quase uma nova versão de Bill Murray perdida no meio de todos aqueles japoneses.


São noventa minutos experimentais, que levam você aos cantos mais obscuros de alguns porões de rock da capital japonesa. O filme surgiu de um desejo da diretora de registrar a Tókio que descobriu nos dois anos que morou lá. E a cidade onde Pamela viveu é bem diferente de qualquer imagem que normalmente fazemos dela: nada de japoneses arrumadinhos, trajando terno, indo para seus escritórios em prédios muito altos. Pelo contrário: nesse documentário é mais fácil encontrar uma versão nissei de Elvis Presley cantando Love me Tender no meio da rua do que um workaholic desesperado.


O filme acompanha de maneira nada linear quatro bandas da cena rock da cidade: Guitar Wolf, The 5678's, JetBoys e Nine. São quatro maneiras distintas de fazer rock, quatro bandas bem diferentes, mas que valem a pena serem conhecidas (Provavelmente alguns leitores já conhecem Guitar Wolf e o The 5678's – a banda que aparece em Kill Bill).

A falta de um fio condutor dificulta a diferenciação dos personagens; a falta de algumas legendas dificulta o entendimento das cenas; e é nesse momento que o Bill Murray pode baixar em você. Mas não se desespere! Na melhor das hipóteses Scarlett Johansson pode aparecer; e na mais possível delas, você irá se encantar (ou pelo menos se intrigar) com a cidade e os personagens difusos que irão cair nas suas mãos.

Quem tiver vontade de ver ou saber mais sobre o documentário pode visitar os sites:

http://sfindiefest.imeem.com/video/1NmQM1Se/rock_n_tokyo/
www.myspace.com/rockntokyo

O documetário também foi exibido na Mostra Internacional de Cinema, em São paulo, berço da diretora Pamela Valente. À resenha de nossa querida estagiária, estreante aqui no blog, acrescento que Rock'n Tokyo pode ser considerado o mais musical dos filmes que acompanhamos na mostra.

Leia também a primeira e a segunda partes da cobertura.
 
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