segunda-feira, março 31, 2008
Big Band de Ska em Tóquio

As big bands são grupos de jazz, com 12 ou mais membros, que foram muito populares na cena americana dos anos 20 aos anos 50. Como a maior parte das coisas que fez sucesso nessa época nos Estados unidos, as Big bands chegaram ao japão.

O Ska é um ritmo jamaicano, precursor do reggae, que mistura Mento (um ritmo folclórico do caribe) com Jazz. O ritmo teve 3 fases, sendo a mais famosa a terceira, que começou nos anos 80, apresentando bandas como Reel Big Fish, Sublime e No Doubt. Como a maior parte das coisas que fizeram sucesso no mundo nessa época, a Terceira Onda do Ska chegou ao Japão.

A questão é que esses dois elementos musicais, a banda e o ritmo, poderiam ter passado pelo território nipônico de forma paralela, mas em 1985, alguém resolveu juntá-las. Asa Chang, um percussionista relativamente famoso na cena japonesa, juntou mais 9 veteranos da música e formou a Tokyo Ska Paradise Orchestra (東京スカパラダイスオーケストラ), ou Skapara para os íntimos.

Em 23 anos de existência, a Big Band viria a se tornar uma referência do ska por todo o leste asiático. Durante 8 anos, Asa tocou junto a seus companheiros. Em 1993, ele saiu para cuidar de um projeto paralelo, o Asa Chang & Junray, em que permanece até hoje.

Em 2007, a Skapara fez uma turnê pela europa, promovendo seu cd Wild Pace. O maior show do grupo em solo europeu aconteceu no segundo dia do Festival Eurockéennes, quando tocaram ao lado de The hives e Queens of the stone age. Na quarta-feira passada, dia 26 de março, eles lançaram seu 13º álbum de estúdio, Perfect future, que em breve estará no nosso programa semanal, no quadro Saído do Forno.

Você pode achar que nunca ouviu uma música sequer da Skapara, mas na internet você pode encontrar trabalhos da banda rotulados com o nome de outras bandas da terceira onda do Ska, como é o caso do Tema de "O poderoso Chefão", que segue abaixo.

 
Psicografado por Vetrô Gomes | Permalink | 1 comentário(s)
segunda-feira, março 24, 2008
Made in Romania
Ele pode parecer balada de amor, dance music, hip hop ou alguma canção folclórica. O manele, ritmo romeno surgido no final dos anos 80, é tão popular quanto polêmico. Criticado pela elite intelectual do país, o estilo musical é taxado de vulgar, pobre e de mau gosto. E ninguém dá a mínima.

Ainda que discriminado pelos grandes veículos, o manele ganha cada vez mais espaço na mídia com sites, pequenos canais de TV e emissoras de rádio especializadas no ritmo. Há alguns anos atrás, uma versão manele do hino romeno foi ao ar durante um especial de TV comemorativo ao Dia Nacional da Romênia. O evento embora tenha gerado protestos, deixou clara a representatividade do manele como elemento da cultura popular contemporânea do país.

Democrático. Os cantores vão de tios bigodudos de camisa aberta a menininhas de shortinhos de couro e mechas no cabelo. Há de se afirmar, portanto, que a pesquisa de clipes foi no mínimo divertida. Laura Vass faz um estilo Britney Spears, com vídeos sensuais e manele bem pop, Mr. Juve e Don Genove se aproximam ao máximo dos rappers americanos – visualize correntes e bandanas –, Nicolae Guta tem uma queda por garotas rebolantes de top e calça de cintura baixa (onde foi que eu já vi isso??), Florin Salam e Adrian Minune são mais tradicionais e puxam bastante para o folclore cigano da região.

E de presente, deixo a prova de que o manele CRESCE e APARECE cada dia mais na terrinha do Drácula. Você ainda vai ouvir esse ritmo de novo. Babi Manune com Made in Romania. “Eu sou o Jonathan da nova geração!”


 
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sexta-feira, março 21, 2008
Todos os meus erros
Descobrir a cena eletrônica alternativa da Itália foi uma grata surpresa. Já estava preocupado achando que a música eletrônica de lá se resumia a um pop eurodance que enjoa antes mesmo de grudar nos ouvidos. Mas felizmente existem bandas como Subsonica fazendo música para dançar e pensar.

A banda Subsonica foi criada em 1996 com a reunião dos melhores nomes da cena alternativa de Turim. Como todo bom artista italiano, foran atingir mesmo a fama após o sucesso no festival de San Remo. O estilo synth rock da banda é muito mais rock do que sintetizadores, e a preocupação maior parece ser com a mensagem, a performance, a experimentação com a música eletrônica do que em botar a galera para dançar mesmo. O negócio é ficar na torcida para quando aparecer uma canção com uma batida mais eletrônica...opa! essa vai lá para o setlist dos Djs Bárbaros. É aí que chega a hora de curtir a música sem abdicar de seu cérebro, e vice-versa. Subsonica mostra que esta combinação é perfeitamente realizável.

Descrever o som da Subsonica é meio complicado, algumas canções provocam sensações totalmente diferentes de outras. Você ouve uma música mais lenta e acha que a banda meio que "morreu" ali, mas é que nessas horas o ritmo sai um pouco mais de cena para se deixar destacar a poesia. O lance é curtir cada música, perceber qual é a linha mestra da banda e o que cada produção tem de exclusivo. Eles já lançaram uma boa quantidade de CDs e os clipes são uma obra à parte. O melhor mesmo da Subsonica foi quando eles se uniram a outro bom projeto da cena eletrônica alternativa da Itália, o Bluvertigo. Mas isto é assunto para outras postagens. Por ora, ficamos com o primeiro e ainda principal hit da banda, Tutti i miei sbagli:


 
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terça-feira, março 18, 2008
Cenas dos próximos capítulos...
Depois de tanto desafiar a paciência de Chronos e com medo de despertar a sua ira, seremos mais modestos dessa vez.

Tiago Capixaba fala sobre o músico Oscar D'León. O dono do maior bigode da Venezuela.

Depois de falar sobre girl bands Vetrô Gomes pretende voltar ao seu tema preferido. Qual será?

Igor Costoli consulta sua vasta área de pesquisa e tenta escrever um texto bem humano em nosso blog.

Hidson Guimarães nos conta um pouco mais sobre a música da Itália, afastando um pouco da fumaça que encobre a Bota.

O segundo texto do Diário da Juliana também vai figurar por aqui. Será que os 30 dias de viagem vão render 30 postagens?

Adriana Costa dá uma passadinha na Romênia para checar as novidades do ritmo mais dançante de lá: o Manele.

 
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sábado, março 15, 2008
Paz na fronteira

Duas cidades da América do Sul terão um motivo especial para comemorar a trégua na instabilidade política que envolveu a região nas últimas semanas. Diversos músicos latino-americanos estarão presentes, neste domingo, na ponte Simón Bolívar, que liga os municípios de Villa del Rosario (Colômbia) e San Antonio Del Tachira (Venezuela), para realizar um mega evento gratuito, o concerto "Paz sem fronteiras".

Os habitantes das duas cidades viveram clima de tensão no início deste mês de março. A crise diplomática que envolveu Colômbia, Venezuela e Equador deixou a região em estado de alerta, pelo movimento de contingentes militares e a possibilidade de um conflito armado.

A política sul-americana povoou os noticiários de todo mundo, mobilizou ideologias, e polarizou inclusive duas das mais importantes revistas semanais do Brasil. Bem, mas vamos esquecer Chávez, Uribe e Correa, ao menos por enquanto.

O fato é que os músicos dos países em questão aparentam ter mais bom senso que seus governantes. O colombiano Juanes (foto), o equatoriano Juan Fernando Velasco e o venezuelano Ricardo Montaner são alguns desses cantores. A festa ainda terá Juan Luis Guerra, Carlos Vives, Ricky Martin, Alejandro Sanz, entre outros.

"Nossa idéia é demonstrar que somos irmãos, que não aceitaremos mais manifestações violentas e que não nos importam as fronteiras, por isso tocaremos em um lugar tão simbolico como é a ponte Simón Bolívar da população de Cucuta, que une Venezuela e Colombia", afirmou Juanes, o grande idealizador do evento.

Os leitores do Invasões Bárbaras que quiserem acompanhar o show ao vivo podem entrar no site da Tv Terra da Colômbia, e acompanhar a transmissão a partir das 14h.

A declaração de Juanes está presente no jornal El Tiempo, da Colômbia, e El Periodico de Aragon, da Espanha, e foi traduzida para melhor compreensão.


Até a próxima
 
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sexta-feira, março 14, 2008
Gira-se o mundo e o ska vai junto
Passada a prolongada Semana da Mulher, é hora de falar de música normal. E a escolhida é a Lost Propelleros, banda de ska da Sérvia que fez sucesso na semana das pílulas sobre seu país. Na verdade, a única música que tínhamos da banda era o clipe Kako da Kažem (Como dizer), que foi o bastante para fazê-la cair no gosto dos Bárbaros e injetar diversidade num cenário musical que teve seu auge ainda nos oitentistas anos da ex-Iugoslávia.

Um ano depois, pouca coisa mudou. Apareceu apenas mais um clipe no Youtube, além de um perfil no Myspace, site que nem era uma ferramenta tão útil para encontramos informações de bandas na época da pesquisa inicial. O único CD lançado ainda é o Zaigraj ovu igru (Dance esta dança), de 2005. O som da Lost Propelleros é ska bem rasgado, fiel às origens do ritmo. A postura da banda, bastante alternativa, também está alinhada às idéias dos criadores do ska na Jamaica.

Vamos acompanhar então mais um bom clipe da banda, To Više Neće Biti To (Não vai ser mais isto), e torcer para que Lost Propelleros ganhe mais visibilidade para poder levar adiante sua energia musical sem, é claro, abrir mão de seus valores. Quem quiser se lançar ainda mais no som da banda pode decolar no Myspace deles.


 
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quarta-feira, março 12, 2008
Cintura
Coisificação do homem ou humanização das coisas? Em tempos caracterizados por homens e mulheres objeto, há também espaço para aqueles que percorrem o caminho inverso. Basta sentimento, imaginação e de repente certas coisas passam a ganhar vida e personalidade.

Seja nas incursões literárias ou mesmo no campo puramente afetivo. Aquele ursinho de pelúcia chamado pelo nome, o carro que tem vontade própria, o boné de estimação, o computador temperamental... Músicas também, por que não? Canções podem ser alegres, tristes, introspectivas, profundas, superficiais, bobinhas, engraçadas, sem noção... Álbuns então podem ser ainda mais do que isso, podem ser pessoas complexas. A banda portuguesa Clã que o diga, afinal em 2007 lançou o seu segundo álbum-mulher consecutivo.

“O 'Rosa Carne' (álbum de 2003) teve aquela mulher da capa, uma espécie de 'Alice no país das maravilhas' já entradota. Já a imagem que tenho da mulher que está neste novo disco - porque mais uma vez ele anda um bocadinho à volta do universo feminino - não é de uma rapariga jovem. Não é, de facto, esse regressar a uma frescura que se perdeu. É a mesma mulher entradota, mas atrevida”, nos revela Manuela Azevedo, vocalista da banda.

Por “entradota”, Manuela quer dizer que a rapariga em questão não é assim tão nova, já é uma mulher mais madura. Com “atrevida”, ela chama a atenção para a principal mudança de seu novo trabalho. Cintura é um disco mais leve, mais solto que o anterior – Rosa Carne. Se ambos representam uma mesma mulher, neste novo álbum ela está sem dúvida mais descontraída e um tanto menos complicada. Dizer que a rapariga esteja alegre já seria um exagero, mas parece que neste álbum ele resolveu se libertar de algumas coisas.

“A abrir portas e a sair por aí fora, consciente, com uma atitude irónica sobre si própria e também em relação ao mundo, onde aprende e desaprende. Com vontade de experimentar outras coisas e transgredir noutras”, completa Manuela.

Essa busca por aventura fica clara em canções como Tira-teima, Mandarim e Fábrica de Amores e em alguns momentos soa totalmente impossível de identificar, envolvida em algum disfarce. Tudo realmente feminino: indecifrável e encantador. O fato é que a audição cuidadosa do cd não deixa dúvidas. A mesma mulher, o mesmo Clã, mais um ótimo trabalho.

Infelizmente eu não tive o prazer de entrevistar a Manuela. As aspas foram retiradas de um site dedicado a banda. A entrevista em questão foi concedida ao Jornal de Notícias, de Portugal. E Cintura será uma das estrelas do nosso próximo programa semanal, que vai ao ar no domingo, às 18h. Até a próxima.

 
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segunda-feira, março 10, 2008
Musas Inspiradoras
Taí (ou melhor, tá aqui) um post polêmico. Porque falar em semana da mulher é, mais que levantar bandeiras, provocar reflexões. A data foi pensada como uma oportunidade de comemorar as conquistas femininas no decorrer das décadas. Mas, ao transformar-se em data comercial, não estaria o Dia Internacional da Mulher se prestando também a outro tipo de preconceito, segregando a elas apenas um dia, enquanto outros 364 permanecem dos homens?

A reflexão me veio à mente quando da reunião de pauta para o blog. O post que me coube escrever, sobre as musas bárbaras, gerou o seguinte comentário por parte da Juliana: "um texto sobre mulheres gostosas, muito legal da parte de vocês".

De algum modo, a ironia dela está certa. Na história da humanidade d.c., essencialmente masculina, foi oferecido à mulher o papel de coadjuvante. Até que elas tomassem a frente em várias áreas da arte, não existia a figura do "muso inspirador" - aliás, ainda não existe de fato. A "musa inspiradora" parece mesmo uma invenção masculina.

Num mundo em que a vaidade e a pressão pela beleza faz mais vítimas exatamente entre as mulheres, achei mesmo que valia a pena contextualizar essa questão. Ao mesmo tempo, foi uma sul-africana que me apontou a direção e o que poderia fazer:

"Temos que ser fortes, duronas pra conseguir nosso espaço no hip hop. Mas eu sou mulher. Então também não posso ser feminina? Não posso usar saia ou estar bonita?"
MC Chi (no documentário Counting Headz)

E se este post é ilustrado com belas musas bárbaras, não é porque elas são gostosas (bem...), é porque todas são artistas fantásticas que freqüentam nossa parada de sucessos, graças à sua música, nossa matéria-prima. Porque sem a música, a beleza delas não estaria neste blog.

Fotos produzidas, provocantes e linkadas: Juliana Gattas, Younha, Ceca, Sara Tavares, Katreeya English, Maria Daniela e Els Pino.
 
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domingo, março 09, 2008
“Quando ela me vê ela mexe, piri-piri-piri-piriguete”
Ao som do reggaeton mais conhecido pelas bandas de cá, me lembro da experiência antropológica que vivi pelos lados de Cuzco, Peru. A trilha sonora também era composta pelo ritmo de MC Papo, mas, ao invés de ver “piriguetes”, conheci as “bicheras”.

A história toda começa com Daniela*, uma menina de dez anos que queria me vender bonequinhas de pano. Ao saber que eu era brasileira, olhou para cima, fez cara de quem estava tentando lembrar de alguma coisa e disse quase sem respirar: “Brasil: moeda Real, capital Brasília, presidente Lula, 9 dedos”**.

Achei genial a sacada da menina e quis puxar assunto para ver com o que mais ela iria me presentear. Papo vai, papo vem, e Daniela começa a me perguntar sobre namorados. Ao contrário de qualquer brasileira que se encanta facilmente pelo sotaque castelhano, Daniela me deu a dica: “Que argentino que nada! Você tem que namorar um europeu. Ele que vai te tirar daqui e te levar pra morar lá”.

“Espanha: moeda Euro, capital Madrid, bandeira Vermelha e Amarela, igrejas cheias de ouro”. Depois que Daniela abriu meus olhos, minhas noites nunca mais foram as mesmas. Não que eu tenha passado a perseguir europeus pelas boates de Cuzco, apenas comecei a reparar na quantidade de peruanas que estavam acompanhadas ou buscando a companhia de algum gringo de olhos azuis.

Um amigo brasileiro que estava morando por lá há quase três meses, me contou uma história horrível (ou incrível). Ele presenciou uma cuszqueña enraivecida aprontando um barraco no banheiro porque seu pretendente estava acompanhado por outra mulher. “Você sabe o que você está fazendo? Está acabando com a minha chance de sair daqui!”.

Foi esse mesmo amigo que deu nome aos bois: bicheras. Mulheres que freqüentam as mesmas boates que os turistas com a única e exclusiva intenção de fazê-los se apaixonar para levá-las embora.

“Peru: moeda Novo Sol, capital Lima, paisagens Maravilhosas, mulheres Comuns”.


* e ** : Os nomes e a pronúncia das palavras foram modificados para melhor compreensão da história.
 
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sexta-feira, março 07, 2008
Divas בעברית
A seleção das músicas para a semana sobre Israel foi, disparado, a mais feminina do Invasões Bárbaras. Ao pesquisarmos os ícones da música pop israelense, nos deparamos quase que exclusivamente com mulheres. Loiras, ruivas, sósias da Barbra Streisand ou da Britney Spears, a verdade é que estas divas em hebraico dominam a cena musical daquele país. Nomes como Shiri Maymon, Maya Buskila e Sarit Hadad fizeram de Israel a seleção com a sonoridade mais pop que a gente já fez aqui no Invasões.

Mas elas não conquistaram seu espaço no dial mineiro à toa: talvez à época tenha apenas faltado aos colegas de Invasões um ouvido mais apurado para detectar o que mais havia na sonoridade destas divas be'ivrit, e daí a implicância com a música de Israel que até hoje ronda as nossas rodinhas de conversas. Por conta disto, este Dia Internacional da Mulher é também uma oportunidade histórica para corrigir as injustiças que vinham sendo feitas nos nossos bastidores à música de Israel, rotulada de pop-superficial. As divas em hebraico resistem, sim, a uma análise mais aprofundada. Maya Buskila carregava sua herança musical árabe nas canções que interpretava, Sarit Hadad tem uma queda pela música eletrônica e Shiri Maymon...bem, continua linda, como sempre.

Ah, não posso esquecer de mencionar Eti Ankri. Definitivamente, está um degrau acima em reconhecimento artístico no seu país, e merece um texto à parte, pela capacidade de transitar por reggae, hip-hop e chanson sem perder a suavidade de sua interpretação.

Isso tudo só para mostrar que, felizmente, há divas israelenses não só para todos os gostos estéticos, mas também para todos os gostos musicais. E, para fechar, Chagiga, uma música de Sarit Hadad que atravessou o Atlântico, cantada em hebraico mesmo, na versão original do clipe abaixo ou em versão remixada. Acredito que você já a tenha escutado algumas vezes na academia, assim como aconteceu comigo. Na ocasião, fiquei surpreso ao reconhecer a música que havia encontrado semanas antes nos trabalhos com o Invasões.



 
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Diva Azeri
Continuando minha cruzada para trazer informações sobre artistas do Azerbaijão, escolhi como assunto dessa vez a cantora pop, Roya, uma das mais aclamadas e polêmicas cantoras de lá.

Royala Aykhan pode ser muito talentosa, mas o que a fez chegar no topo foi sua capacidade para ser controversa. Seu país de origem, o Azerbaijão, é uma ex-república muçulmana da União Soviética, de maioria xiita, ou seja, eles são um tanto quanto conservadores.

Sabendo disso, Roya começou sua carreira expondo para o Azerbaijão o que pensava sobre o conservadorismo e gravou um clipe onde mostra os seios. A reação foi a esperada: todos começaram a falar dela, fosse para odiá-la, fosse para aprovar sua atitude. No fim, todos concordavam que ela poderia ser uma válvula de escape para a reprimida juventude Azeri. E Roya parece ser exatamente isto. Ela xinga em programas que passam em rede nacional, tira fotos semi-nua, fala mal do governo. Essa atitude "punk" faz ela aparecer na mídia constantemente.

Atualmente, Roya é preocupação não só no Azerbaijão. O Irã, que possui 20 milhões de azeris em seu território, está preocupado com a influência que Roya pode causar nessa população. Os jovens azeris-iranianos, munidos com antenas parabólicas, assistem aos clipes "controversos" de Roya ou fazem downloads de suas fotos "provocantes". Uma influência bem ruim aos olhos do regime dos Aiatolás.

Sem mais delongas, apresento o clipe que fez de Roya a estrela pop que ela é hoje. A música se chama Darixmisham e vamos ver quem consegue dizer quando os seios de Roya aparecem.

Fotos: www.mix.az


Texto publicado originalmente no dia 10 de julho de 2007
Resgatado para integrar a nossa Semana da Mulher.
 
Psicografado por Vetrô Gomes | Permalink | 0 comentário(s)
quinta-feira, março 06, 2008
Sorriso para voar
Apaixonante. Sara Tavares faz jus ao adjetivo. A garota está no grupo de coisas como arco-íris, beijo na boca, brigadeiro e filhotinhos de labrador. Difícil alguém não gostar. Se você esperava ler alguma coisa imparcial provavelmente deve estar frustrado. Fazer o quê? Me encantei com a primeira música que ouvi, virei fã quando escutei o cd inteiro.

A filha de cabo-verdianos nascida em Portugal é hoje uma das maiores representantes da música luso-africana e da miscigenação musical em Lisboa. Isso porque Sara mistura ao seu estilo único de pop, batidas africanas, pinceladas de ritmos brasileiros e letras que vão desde o crioulo até o inglês, passando, obviamente, pelo português. Interessou? Então confira abaixo o clipe da canção "Balancê". Vai descobrir que além de uma voz deliciosa a mulher é pra lá de carismática!




Em “Balancê”, música de trabalho do álbum que leva o mesmo nome (lançado em 2006), dá para se ter uma idéia do estilo de Sara. Com dreads no cabelo e pezinhos no chão, ela brinca, ri, dança e se diverte. Nada muito parecido com o glamour de Whitney Houston, personalidade com a qual foi comparada no início da carreira, ainda menina. Simplesinho. Mas dá vontade de pular para dentro da tela.

Sara Tavares já foi gospel, chegou até mesmo a gravar um disco com o coral Shout. Já foi “raiz”, durante sua aproximação com sua cultura ancestral que resultou no álbum “Mi Ma Bô”. E agora, como ela mesma diz, faz “música para embalar gente grande”. Para escutar no carro, dançar na sala, namorar e ser feliz também.

Texto publicado originalmente no dia 11 de novembro de 2007
Resgatado para integrar a nossa Semana da Mulher.
 
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quarta-feira, março 05, 2008
Se você quer ser...

O fenômeno das Boys Band e das Girls bands começou praticamente ao mesmo tempo. Houve um primeiro surto na década de oitenta, com o New Kids on the block para o lado masculino e o Bananarama para o lado feminino, mas todos sabem quem levou as mulheres para o topo.

Em 1996, o hit Wannabe, das Spice Girls, transformou 5 inglesas na maior sensação do mundo pop e desde então, as Girls band vém dominando corações e mentes ao redor do globo. Todos nós vimos surgir vários grupos como All saints, Destiny's child e, mais recentemente, Pussycat Dolls.

No mundo invasivo, a moda também pegou. Espalhadas pelos recônditos escondidos do pop, girls bands surgem e somem sob as mais variadas formas e línguas. Para citar alguns exemplos, temos o M-kids, da Bélgica; a Fabrika (Фабрика), da Rússia e a espanhola Las Ketchup, que apresentou para o mundo, Asereje.

Porém, não há terreno mais fértil para as Girls band que o leste asiático. Japão, Coréia do Sul, Taiwan, China. Parece que elas se multiplicam por lá. O sucesso é tamanho que um dos dias da semana Japão é dedicado a elas, com o destaque para a banda Bon bon Blanco.

O certo é que sempre teremos as Girls bands. Algumas explorarão a inocência de garotas abaixo dos 15 anos, enquanto outras exploração a sexualidade daquelas que passarem a idade agora mesmo mencionada. As coreografias e melodias marcantes sempre acompanharam essas garotas onde quer que elas forem e sempre haverá muitos fãs atrás, acompanhando.

Por fim, segue o clipe da música Yalan, da girl band turca, Hepsi, só pro baiano não se sentir negligenciado...

 
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terça-feira, março 04, 2008
A Rainha

Se à primeira vista a mexicana Julieta Venegas parece apenas mais uma cantora pop de músicas melosas, faz bem abandonar completamente esta primeira impressão. Dona de uma vasta formação musical, que inclui piano, acordeom, violoncelo e participação em banda de reggae, Julieta Venegas não só tem uma voz cativante como também é uma profílica compositora, que costuma assinar a quase totalidade das faixas dos seus álbuns.

O estilo predominante da musicista é o pop-rock, mas sempre há espaço para inserção de elementos regionais e - por que não? - globais. Julieta é sucesso no mundo de fala hispânica, fez tributos a artistas consagrados da música popular de seu país e de outros de colonização espanhola e, inclusive, já gravou com o brasileiro Lenine a canção bilíngüe Miedo no CD Acústico
do nosso cantor. A beleza brejeira e descompromissada, aliada à presença de voz, fazem da cantora um conjunto apaixonante.

Nada de letras fáceis no repertório de Julieta, que nasceu em Long Beach, Califórnia, EUA, mas se criou inteiramente em Tijuana, Baja California, México. Os versos das suas canções são cuidadosamente trabalhados para fazerem parecer coisa banal os complicados problemas da vida afetiva:

"No voy a llorar y decir que no merezco esto, porque es probable que lo merezco, pero no lo quiero, por eso me voy"


...assim como para darem dimensão cotidiana ao mais transcendental dos amores.


"Yo te quiero con limón y sal, yo te quiero tal y cómo estás, no hace falta cambiarte nada"


Às vezes o seu trabalho tem até um certo tom indie. O mais importante: o drama, a lamúria, a dor-de-cotovelo que nós brasileiros costumamos associar às canções da América Hispânica são apenas aparentes na música de Julieta Venegas. A mensagem que tansborda do seu trabalho é a de que o amor e a vida devem ser mantidos simples. Pela sua atitude e pela sua completude musical, Mme. Venegas se traduz numa artista muito mais autêntica do que qualquer sonido lasser.


Texto publicado originalmente no dia 13 de abril de 2007
 
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Semana da Mulher
No próximo sábado, dia 8 de março, o mundo comemora o Dia Internacional da Mulher. A data que surgiu para celebrar os avanços econômicos, políticos e sociais das mulheres, ganha, em nosso site, uma dimensão musical. Durante toda esta semana o Invasões reverencia as suas musas e busca alguns temas para mostrar o papel da mulher na construção musical do mundo bárbaro.

Seja em Israel ou no continente africano, na existência de bandas formadas apenas por mulheres, ou na resenha de um álbum cercado de feminilidade. O foco das atenções em nossa programação de textos está traçado e além de postagens inéditas, vamos também resgatar alguns textos mais antigos, voltados para nossas cantoras preferidas. Confira a programação:


Terça- O Invasões Bárbaras abre espaço para sua rainha e resgata um texto de Hidson Guimarães, seu súdito mais fiel.

Quarta- Vetrô Gomes, nosso especialista em boy bands, mostra que também entende da faceta feminina desse fenômeno e fala sobre girl bands.

Hidson Guimarães retorna com um texto inédito e fala sobre as divas da música israelense, que tanto marcaram nossa reunião Israel.

Quinta- A cantora portuguesa Sara Tavares apresentada por nossa estagiária Adriana Costa. Outro texto já publicado, que merece ser lido novamente.

Igor Costoli refresca nossos olhos e revela as mais belas cantoras da cena musical bárbara.

Sexta- É a vez de ressuscitar um texto dedicado a cantora Roya, do Azerbaijão. Cortesia de Vetrô Gomes.

Tiago Capixaba faz uma resenha sobre o álbum Cintura, da banda portuguesa Clã. Um disco que sem dúvida é do "sexo feminino".

Sábado- Juliana Deodoro compartilha suas andanças pela América do Sul e mostra que não é apenas no Brasil que existem piriguetes.

Domingo- Adriana Costa passeia por terras africanas e fala sobre a importância das mulheres para a música do continente.
 
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domingo, março 02, 2008
Festa da Mandioca!
É isso mesmo. Mandioca. Esse é o nome da banda responsável pelo gênero musical que não só conquistou diversos países como é hoje um dos maiores representantes da música das Antilhas: o zouk. A banda Kassav’, que em crioulo haitiano significa mandioca, surgiu com uma proposta de Pierre Edouard Decimus de elevar a qualidade das canções produzidas na ilha de Guadalupe, sua terra natal.

Junto com seu irmão Georges Decimus e o colega Jacob Desvarieux, visitaram a Torre Eiffel, comeram queijo e gravaram seu primeiro álbum em Paris ainda em 1979. A mistura de ritmos e instrumentos nativos, como os tambores característicos do carnaval de Guadalupe, ganhou ainda forte influência da música de Martinica.

O nome da nova batida surgiu mais tarde, com o frisson "Zouk la sé sèl médikaman nou ni", canção lançada pelo grupo em 1985. Zouk, que significa festa, possui ainda traços de outros ritmos latinos, como a salsa, e africanos, como o soukous. Cantoras como Edith Lefel, entretanto, desenvolveram um zouk mais lento, mais romântico, que foi apelidado de zouk love.

Mas esse tal de zouk não tinha alguma coisa a ver com a nossa lambada? Tinha não. Tem. Como brasileiro não desiste nunca, algum lambadeiro em coma descobriu que é possível adequar os passos da lambada ao zouk. Ele chegou devagarzinho, desceu pelo litoral brasileiro até fincar o pé em Porto Seguro, antigo antro da lambada, e invadir as academias de dança do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

O estilo de música dançado hoje no Brasil é bem mais lento e meloso que o de Kassav’ e o de Edith, ainda que com freqüência mantenha o idioma francês. Mixagens, porém, não faltam. R&B, pop e até mesmo rock ganham a batida característica do zouk e fazem a alegria dos mais jovens.
 
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