sexta-feira, fevereiro 29, 2008
De volta para o presente
O nome do CD mais recente da banda Kent, da Suécia, é uma menção à série hollywoodiana De volta para o futuro, que em sueco se diz Tillbaka til framtiden. O CD se chama Tillbaka til samtiden, que quer dizer "De volta para a época atual" (sam quer dizer "o mesmo", quase como em inglês). Neste CD, a banda não está de volta para coisa nenhuma, pelo contrário, parece estar indo por um caminho sem volta, pelo bem ou pelo mal.

O namoro desta banda de rock/britpop com a música eletrônica é de longa data: Hagnesta Hill (1999) e Vappen och Amunition (2002) têm lá seus singles com arranjos eletrônicos. Mas este novo álbum, Tillbaka til samtiden, juntou mudança de formação, mudança de produtor e uma transformação mais evidente da sonoridade em direção à música eletrônica: esvaem-se as guitarras, crescem os sintetizadores.

Com menos guitarra, têm-se menor espectro de emoções durante cada música deste novo CD. A guitarra era importante em músicas como Dom andra e En Himmelsk Drog para assinalar as viradas, as mudanças de tempo, até porque o vocal da banda se mantém impávido, sem grandes alterações. Isto quer dizer que as canções de Tillbaka til samtiden são mais lineares. Nem por isso são pior produzidas ou cantadas, apenas diferentes. Eu, particularmente, sinto falta das guitarras e acredito que dá para pensar em próximos trabalhos com interesses eletrônicos e roqueiros conciliados.

Deixo vocês com o clipe de Ingenting, primeiro single do CD Tillbaka til samtiden que já rendeu ao Kent três discos de platina e o Grammy sueco de melhor álbum. Outras faixas a recomendar são Elefant, Vid din sida e Våga vara rädd. A produção dos clipes da banda continua impecável.


 
Psicografado por Hidson Guimarães | Permalink | 0 comentário(s)
quinta-feira, fevereiro 28, 2008
Salvando vidas...

Os caras acima começaram a carreira cedo. Quando ainda estavam cursando o secundário venceram um concurso de bandas com o La-on (ละอ่อน). Gravaram um cd, uma trilha sonora e depois tiraram umas férias para completar os estudos. Cinco anos depois, três integrantes do La-on se juntaram para fazer um rock mais pesado que a levada pop de sua antiga banda, surgia então o Bodyslam.

Com quatro cd's no curriculum e um bateirista na bagagem, o Bodyslam ganhou prêmios como Música do ano (Khwam Chuea do cd Believe). O som da banda foi sofrendo algumas modificações, em setembro de 2007, chegou as lojas o disco Save my life, que incorpora elementos do movimento conhecido como Pós-punk pop.

Alguns podem falar que isso é um eufemismo para Emo, mas eu tentarei manter a minha objetividade e evitarei os rótulos fáceis. A verdade é que o som do Bodyslam segue a linha de nomes consagrados desta febre mundial como é o caso do Fallout Boy e The academy is.... O som marcante das guitarras e o vocal bem característico são as marcas registradas deste trabalho, mas algo mudou deste Believe.

A experimentação com o eletrônico é o elemento novo deste Cd. Toon (Athiwara Khongmalai, (อาทิวราห์ คงมาลัย), o vocalista, faz seus próprios backing vocals e utiliza vários efeitos que terminam em um resultado bem positivo.

Os destaques vão para as faixas Yar Pid (ยาพิษ) e Tarn poo chon (ท่านผู้ชม) em que a experimentação eletrônica é mais evidente. Para você conferir um pouco de Save my life, segue abaixo o clipe de Yar Pid, qualquer semelhança com um clipe do NXzero não é mera coincidência.


 
Psicografado por Vetrô Gomes | Permalink | 2 comentário(s)
quarta-feira, fevereiro 27, 2008
Soda Stereo - A Lenda
Aproveito o gancho do nosso último programa semanal, que foi ao ar na sexta-feira passada, na rádio UFMG Educativa, para falar um pouco sobre a banda Soda Stereo. Para muitos a maior banda de rock da história da Argen- tina, para outros ainda mais do que isso. As conexões com a música brasileira, como bem mos- traram os colegas Hidson Guimarães e Igor Costoli, passam pela canção “De Música Ligera”, um dos grandes sucessos do Soda, que no Brasil, ganhou duas versões, uma do Paralamas do Sucesso e outra do Capital Inicial.

Informação que não é do conhecimento de muitos em nosso país. Tão obscura como o próprio Soda Stereo e a música realizada por nossos vizinhos latino-americanos, constatação recorrente aqui no blog. Por isso também não causa espanto algum que um dos maiores retornos da história recente da música tenha passado completamente despercebido aos nossos olhos. E não pensem que estou exagerando...

Gustavo Cerati (voz e guitarra), Zeta Bosio (baixo) e Charly Alberti (bateria) fizeram uma grande turnê pela América Latina, no fim do ano passado, denominada “Me Verás Volver”. Retorno aos palcos, comemorado por fãs de todo o continente, após dez anos do fim do Soda Stereo, que havia acontecido em 1997 - motivado por problemas e diferenças entre os três integrantes. O sucesso foi enorme, os números foram impressionantes. Argentina, Chile, Equador, México... Os países se sucederam e a situação era a mesma: ingressos esgotados, novas apresentações marcadas, estádios lotados e recordes quebrados. Só no Monumental de Nuñez, estádio do River Plate, foram seis shows, incluindo o da nova despedida.

Mas por que será que o Soda Stereo atraiu assim, tanta gente? O início da resposta parte de uma constatação do produtor que vos escreve: Soda Stereo é figurinha carim- bada e presença quase indispensável em listas de referências de artistas e bandas espalhados por todos os países da América Latina. Nome re- corrente em qualquer pesquisa.

O fato é que nada disso é gratuito. Criado em 1982, o Soda Stereo quebrou paradigmas e ajudou a unificar culturalmente os países de língua espanhola do nosso continente. A banda teve papel fundamental na popularização e consolidação do rock cantado em espanhol, ao alcançar sucesso em todo o território latino-americano, fato inédito até o momento.

Fenômeno amplo, de alcance massivo e que possibilitou o desenvolvimento de uma cena forte, do “rock en español”, hoje tão presente em toda a América Latina, que até aquele momento se encontrava mergulhada em um dilema: da oposição entre os ritmos populares e mais dançáveis ao rock de clara influência anglo-saxônica.

Essa época marcou gerações, ajudou a forjar toda uma identidade. O Soda Stereo, além da qualidade sonora, é uma lenda, um mito, por tudo aquilo que representa. Com todos esses ingredientes a magnitude dos números desse retorno é mais do que justificada. Pena que acabou de novo e eles nem passaram perto do Mineirão... Quem sabe daqui a mais dez anos?
 
Psicografado por Tiago Capixaba | Permalink | 3 comentário(s)
segunda-feira, fevereiro 25, 2008
Cronograma
Nosso querido blog ressurge cheio de ambição nesta semana. Com a família Invasões Bárbaras reunida novamente, é hora de trabalhar. De férias mesmo só o nosso querido ".com", que deve até sofrer com a ação de nossos advogados. Tenho fé e acredito que chegaremos até o fim da semana com todas as promessas inabaladas. Vai começar devagar, mas vai esquentar...

Terça - ...

Quarta - Tiago Capixaba pega carona no programa semanal do Invasões e conta um pouco mais sobre a banda argentina Soda Stereo.

Quinta - Vetrô Gomes volta de férias e acredita que será capaz de salvar as nossas vidas. Para isso ele vai de Bodyslam, da Tailândia.

Sexta - Hidson Guimarães recarregou a energia em uma rave da Cemig e prepara surpresas para nós. Melhor do que isso, só mesmo se fosse uma micareta.

Sábado - Juliana Deodoro compartilha as páginas de seu diário secreto e conta os melhores - e piores - momentos de sua peregrinação pela América do Sul.

Domingo - Adriana Costa ainda se recupera de desgastantes férias no litoral baiano, mas tudo indica que ela conseguirá retornar a tempo.
 
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quinta-feira, fevereiro 21, 2008
Velozes e Furiosos
Depois de 4 álbuns, a fanfarra mais rápida do mundo voltou à cena mundial com o cd Queens and Kings, em 2007. O cacife dos romenos está em alta. Eles que já foram tema do Invasões na Rede Minas, nas pílulas romenas e aqui mesmo no blog, tiveram seu último cd bem elogiado no nosso programa semanal e em outros cantos do mundo. O álbum figura na 10° colocação na lista da revista britânica fRoots de melhores álbuns do ano passado.


Desta vez, a nova empreitada da Fanfare Ciocarlia é uma homenagem dupla. A primeira é uma dedicatória, e é ex-integrante Ioan Ivancea, falecido meses antes do lançamento. A segunda homenagem é totalmente musical, dedica à cultura cigana.

A experiência cruzando a Europa e se enriquecendo musicalmente agora é devolvida em forma de novo olhar em direção às raízes. A tradição cigana, que se espalhou pelo velho continente, é resgatada com o convite a vários expoentes musicais espalhados pelo continente. São eles: Kaloome (França), Esma Redzepova (Macedônia), Lijljana Buttler (Bósnia), Jony Iliev (Bulgária), Mitsou (Hungria), Saban Bajramovic (Sérvia), Florentina Sandu, Aurelia Sandu, Dan Armeanca e Tantica Ionita (todos Romenos).

A faixa Duj Duj, na voz de Florentina Sandu, já é figurinha repetida no semanal e nos Dj's Bárbaros, e outro bom destaque está na latinidade cigana de Que dolor, cantada por Kaloome. Tantas homenagens poderiam fazer crer que é um disco de regravações, mas não. A única versão é o non sense espetacular de Born to Be Wild, do Steppenwolf, que foi encomendada à banda para compôr a trilha sonora de Borat.

Recentemente descobri que a Fanfare Ciocarlia esteve no Brasil, em 2005, no PercPan, um festival de percussão no Rio de Janeiro, ainda que percussão não seja lá o grande lance da banda. Mas quando vierem por aqui novamente, espero sinceramente que passem por BH, e também que mais pessoas (via Invasões Bárbaras ou não) tenham tomado conhecimento da velocidade, da alegria, e da qualidade do som da banda.

Aqui você confere um vídeo editado do álbum. São 3 trechos de Queens and Kings. Aproveite.
 
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quarta-feira, fevereiro 20, 2008
Oye
Quando o Invasões Bárbaras desembarcou na Colômbia a banda Aterciopelados se encontrava em um longo período de “entressafra”. Era 2006 e nossa pesquisa despertou certa incerteza. Seria o fim do grupo?

O último álbum de inéditas, Gozo Poderoso, datava do distante ano de 2000. Um período longo para os fãs da banda, que nesse tempo tiveram que se contentar com Evolucíon, álbum de regravações com duas canções inéditas, e os trabalhos solo de Andrea Echeverri, vocal e guitarra, e Hector Buitrago, arranjos e baixo. O fato é que os dois músicos que formam o núcleo do Aterciopelados nunca se separaram. Buitragro colaborou na produção do álbum da amiga, intitulado Andrea Echeverri, e ela, por sua vez, participou de Conector, disco experimental do colega de banda.

E foi assim que Oye chegou no fim de 2006, outubro para ser mais preciso. Cercado por muita expectativa, o álbum não agradou a todos, mas é sem dúvida um trabalho bem interessante. Destaque para as fusões e a multiplicidade de gêneros musicais, um forte traço do trabalho da banda, ainda mais visível e marcante neste disco. Oye é sem dúvida menos eletrônico que Gozo Poderoso e por outro lado um tanto menos rock do que os primeiros trabalhos do grupo. Apesar disso, o resultado não destoa. Podemos dizer que ele está em sintonia com o que é o Aterciopelados.

O dito rock alternativo se une a uma levada mais pop e as inconfundíveis pitadas de música folclórica, que ajudam a conferir um ar de originalidade ao trabalho. A voz de Andrea segue protagonista, com um ar um tanto mais introspectivo, casando bem com o tom mais melodioso do disco. Um bom retorno, é verdade, coroado com o Grammy de melhor álbum alternativo na premiação do ano passado.

Abaixo deixo o vídeo de Cancion Protesta, uma das músicas que ilustra um pouco do que foi dito neste texto.

 
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quarta-feira, fevereiro 13, 2008
Cadê a Estônia?!
A Estônia foi uma agradável surpresa em sua semana das pílulas. Um país pequeno, de pouco mais de 1 milhão de habitantes, é capaz de produzir tanta tecnologia e tanta música boa. E nada de enxurrada de música cantada em russo, não, é tudo em bom estoniano. Também pudera: os estonianos foram os primeiros a quererem se desgrugar do legado soviético e se afirmar como nação moderna e antenada com o mundo pós-Guerra Fria.

Vocais e melodias agradáveis, fusões inusitadas envolvendo música clássica com punk rock ou com country rock, música folclórica com hardcore e, claro, com metal e electropop moderno com uma pitada de anos 70 são algumas das produções que a Estônia vem oferecendo ao mundo. E um país com uma cena dessas andava sumido do nosso programa semanal e ainda nem tinha dado as caras aqui no blog. Mea culpa.

Mas isso vai mudar. Como já prometido com a Itália, bandas como Vennaskond, Genialistid, Metsatöll, Diskreetse Mango Trio e Alumiinium, sinu sädelev sõber vão começar a pintar aqui no blog Invasões Bárbaras. Aguarde mais novidades da terra do Skype nas próximas semanas.
 
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terça-feira, fevereiro 12, 2008
De Limburg Limbo
Agora sim cumprindo a promessa, vamos curtir um pouco a letra da canção De Limburg Limbo, da banda De Nieuwe Snaar, da Bélgica:

In Brazilië daar dansen ze de samba, in Mexico daar komt men in the mood
Lá no Brasil eles dançam o samba, lá no México entram na onda
onder het roepen van "ay ay caramba", terwijl ze staan te dansen op hun hoed.
enquanto isso gritam ''ay ay caramba'', enquanto ficam dançando com seus chapéus.
Wie kent er niet de Argentijnse tango met zijn sensuele passie en lyriek
Quem não conhece o tango argentino, com sua paixão sensual e lírica?
en dan zwijgen we nog over de fandango met die Spaanse en die spannende rytmiek.
E ainda nos calamos sobre o fandango com o ritmo excitante e espanhol.

Maar ver van het gewoel in Buenos Aires en van de atmosfeer in Vera Cruz
Mas bem longe da agitação em Buenos Aires e da atmosfera em Vera Cruz
waar de lucht van verse calamares, vermengd wordt met de Mexicaanse blues.
onde o aroma das lulas frescas se mescla ao blues mexicano
Ligt in het bronsgroen eikenhout verscholen, en dat had u waarschijnlijk niet gedacht,
Estende-se escondido o tronco verde-bronze do carvalho, e por isto você talvez não esperasse,
dat Limburg niet alleen veel zwarte kolen, maar ook een populaire dans heeft voortgebracht.
que Limburgo não fabricou apenas carvão preto, mas também uma popular dança.

In limburg dansen ze de Limbo,
Em Limburgo dançam o limbo,
omdat ze Limbodansers zijn.
porque são dançarinos de limbo.
Ze doen de bongo en de bimbo
Fazem o bongo e o bimbo
Er zijn er méér dan een dozijn.
Tem mais de uma dúzia
Van Kuttekoven tot Ternaaien,
De Kuttekoven a Ternaaien,
van Munsterbilzen tot in Peer,
de Munsterbilzen até Peer,
staan de Limburgers te draaien
os limburgueses vão girando
en doen de Limbo nog een keer.
e fazem o limbo mais uma vez.
 
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sábado, fevereiro 02, 2008
O Momento de Reagir
Esqueça o que você já ouviu falar sobre música italiana. Este post é o primeiro de uma série em que o Invasões Bárbaras pretende lançar um pouco de luz sobre o que realmente acontece na Bota. Muita gente, incluindo profissionais do meio cultural e musical, acha que a música italiana parou no tempo nas canções de Peppino di Capri, ou que se resume ao pop-xarope de Laura Pausini e Eros Ramazzotti. A verdade é que este pop tipo exportação não recebe tanto apreço do público italiano quanto do latino-americano.

E, para começar a esvaziar de significado este mito do pop meloso, nada melhor do que trazer o agressivo ska punk da banda piemontesa Persiana Jones. A banda começou em 1988, e na época o nome era bem mais longo, o que ajudava a entender o trocadilho: Persiana Jones e le tapparelle maledette (tapparella, como o nome dá a perceber, é um tipo de lâmina de persiana para bloquear bastante a luminosidade).

O som da Persiana Jones é bem ritmado, e o vocal, se não é nada espetacular, tampouco atrapalha com aqueles clichês de canto pop italiano a que estamos tão acostumados. O destaque fica para a proposta da banda que é expressa em suas letras, repletas de anti-conformismo, protesto contra a mediocridade e denúncia das atribulações da vida moderna. E, claro, uns palavrões que não demoramos a reconhecer, pois vêm da fonte comum da língua latina.

Na semana das pílulas tocamos Troppo Vuoto (Troppo vuoto, non riesci a capire che sei falso, grande pezzo di merda). Para o blog, apresentamos Il Momento di Reagire, canção que não poderia ser mais direta em seus 01:49 minutos: Adesso, sicuro, puoi dire Vafan'culo! Quando non funziona, quando tutto è contro di te (...) è il momento di reagire. A canção deu origem a um interessante clipe de animação, que a gente confere abaixo:



A música italiana está apenas começando a aparecer aqui no blog, sem esquecer da resenha do último CD de Carmen Consoli, que foi uma espécie não-planejada de prolegômeno. Em breve teremos a satisfação de trazer mais músicas que não costumam entrar na trilha sonora das novelas brasileiras.
 
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