sexta-feira, setembro 21, 2007
Molotov
Rock, hip hop, críticas, polêmica e muita irreve-rência. Ingredientes de uma receita que concede a banda Molotov um lugar de destaque na cena musical mexicana. E nada disso é novo. Tito Fuentes (guitarra), Micky Huidobro (baixo), Paco Ayala (baixo) e Randy Elbright “Gringo Loco” (bateria) estão juntos desde 1996, em uma carreira recheada de sucessos...


Os vocais são compartilhados pelos quatro integrantes, o que confere a muitas músicas uma desorganização interessante. Partes cantadas, faladas e gritadas se sucedem e marcam a sonoridade do Molotov. A atitude punk rock, sustentada pelo som pesado dos baixos e da guitarra, fica clara nas composições, recheadas de críticas ao governo - mexicano e também estadunidense. Mas o traço principal da carreira do Molotov é sem dúvida sua irreverência.

O primeiro disco do grupo e o barulho que ele causou já traziam esse recado, ainda em 1997. O nome “¿Donde Jugarán Las Niñas?” é uma paródia. O alvo foi um disco da banda Maná, também mexicana, chamado “¿Donde Jugarán Los Niños?”. Até aí nada demais.

Mas o fato é que a palavra niña tem um significado um tanto dúbio na Cidade do México: é o termo popularmente usado para fazer referência as prostitutas. Somando-se a isso a capa traz uma foto provocante. Com a calcinha abaixada a mulher usa uma saia que é facilmente identificada com a das meninas que freqüentam o sistema público de ensino mexicano (menores de idade).

O resultado? Muita polêmica. Algumas lojas se recusaram a comercializar o disco e a banda foi às ruas, vender e protestar contra a censura. O resultado? Três mil exemplares vendidos em cerca de quatro horas.

Esse álbum já traz em suas composições as credenciais da banda: política, humor, sexo e muitos palavrões. E a polêmica foi além da capa. “Puto”, o primeiro grande sucesso do Molotov, foi pivô de muita controvérsia. O refrão diz “matarile el maricón”, algo como “vamos matar o maricas”. A banda negou qualquer intenção homofóbica, mas teve que conviver com alguns protestos, um deles na primeira apresentação do grupo na Alemanha.

Polêmica vende discos e garante espaço na mídia. Dentro de pouco tempo eles já eram conhecidos em toda a América Latina e também fora dela. Mas aí estava o desafio. Seria o Molotov uma modinha passageira, conseguiria a banda se consolidar no cenário musical mexicano? O tempo mostrou que a fórmula incendiária ainda renderia muitos frutos.

O segundo álbum, “Molomix” (1998) foi dedicado basicamente a trazer versões remixadas do primeiro disco. O desafio estava guardado para 1999. A banda lançou “Apocalypshit”, que apesar de não repetir a grande vendagem do álbum inicial foi importante para a consolidação do grupo. Destaque para as canções “Parasito” e “Rastamandita” que figuraram por muito tempo nas paradas de sucesso da MTV Latina.

“Rastamandita” trazia um ingrediente a mais, suficiente para trazer mais polêmica. No clipe, inúmeras mulheres e os próprios integrantes da banda apareciam completamente sem roupa. Na MTV a solução encontrada foi exibir o vídeo com tarjas para tampar as partes impróprias. Mas a verdade é que em outras emissoras latinas, como o produtor que vos escreve comprovou na época, era possível ver o vídeo sem cortes e tarjas, durante a madrugada.

Um longo intervalo depois e o quarto álbum da banda é lançado, já em 2003. “Dance and Dense Denso” traz o sucesso “Frijolero”, música com criticas aos EUA, e que leva o Molotov a inúmeros prêmios, os maiores de sua carreira. Destaque para quatro estatuetas na premiação da MTV Latina e para a escolha como melhor vídeo musical, no Grammy Latino. Em 2004, o grupo lança “Todo Respecto”, álbum só com versões e pára por aí.

A verdade é que já fazia um bom tempo que o grupo não lançava um álbum de inéditas e fazia barulho como antigamente. Mas eis que no início de 2007, a separação do grupo foi divulgada e muito comentada. Estratégia de marketing ou não, essa realmente não foi uma separação comum. Como dizem os mesmos em seu site: essa foi “uma separação para fazer um álbum”. “Eternamiente” é o seu nome, com previsão para ser lançado nesse mês de setembro. Será o Molotov capaz de reviver os momentos memoráveis de sua carreira? A resposta você fica sabendo em breve aqui mesmo no invasoesbarbaras.com.br


Em uma semana cheia de preguiça resolvi escrever por três. Resta saber se alguém leu o texto até o final...
 
Psicografado por Tiago Capixaba | Permalink |


4 Comentário(s):


  • Blogger Costoli (22/9/07 12:25):

    Eu li, e ainda gostei muito.

     
  • Blogger Flavinha (24/9/07 12:49):

    Depois de vários ensaios para visitar o Invasões, cá estou. Capixaba, li sim o seu texto (todo). Bom... tb adoro a cena do rock latino, não só do rock, mas enfim... O fato é que escuto, gosto, mas pouco sei da história e tals. Bacana demais saber um pouco mais do Motolov. Mas o senhor continua me devendo os posdcast dos programas da Argentina. Até hj não escutei!!!!
    Bjo aos bárbaros.
    ps: Vetô, tb li li seu texto sobre os Idols... Tema polêmico e de opinões diversas... Só deixo registrado que o Latin American Idol tb só tem músicas em espanhol...

     
  • Blogger Vanessa (19/7/08 17:57):

    Eu li, e ainda gostei muito [2]

     
  • Anonymous Anônimo (4/4/09 15:05):

    Eu li, e ainda gostei muito [3]